O Estado de São Paulo, n. 45196, 15/07/2017. Política, p. A5

 

Depois de vitória, o almoço com amigos

Valmar Hupsel Filho e Carla Araújo

15/07/2017

 

 

Temer se reúne com juristas em São Paulo

Após conseguir derrubar o parecer favorável ao acolhimento da denúncia da qual é alvo, o presidente Michel Temer buscou conforto nos velhos amigos, todos com notório conhecimento jurídico. O peemedebista almoçou ontem em São Paulo com antigos companheiros e ouviu deles a avaliação de que, após a vitória na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, aumenta sua chance de escapar da denúncia por corrupção oferecida pela Procuradoria-Geral da República.

O advogado de Temer, Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, esteve presente no encontro, que aconteceu no restaurante Parigi, no Itaim-Bibi, entre 13 e 15 horas. Também participaram os desembargadores Xavier de Aquino e Carlos Teixeira, e os advogados Manuel Alceu Affonso Ferreira, Hélio Lobo, Rui Fragoso, Antonio Carlos Mendes, Mario Sérgio Duarte Garcia, e Edgar Silveira Bueno, que saiu antes de ser feita a foto ao lado.

Todos fazem parte de um grupo de velhos amigos que costuma se reunir quinzenalmente há anos, hábito que remonta os tempos da faculdade. Temer, entretanto, não aparecia desde que assumiu a Presidência.

Auxiliares do presidente disseram que ele está “inconformado” com a condição de denunciado e faz questão de trocar informações com interlocutores do ramo jurídico. Ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Garcia disse que no almoço, como de costume, Temer ouviu mais do que falou. “Eu lhe disse que com essa vitória é bem provável que ele acabe conseguindo afastar a tentativa de impeachment porque a margem teria de ser muito grande na Câmara para atingir o quórum necessário”, afirmou.

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No recesso, presidente busca agenda positiva

15/07/2017

 

 

Depois da vitória na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, o presidente Michel Temer vai tentar manter uma agenda de articulações e anúncios nas duas semanas de recesso para evitar debandada na base. Temer pediu aos ministros que façam levantamentos de programas e medidas que podem ser anunciadas.

A ideia, segundo uma fonte, é encontrar agendas que permitam que os deputados retornem no dia 2 de agosto com discurso de defesa do governo.

O presidente orientou que a equipe econômica busque medidas que ativem a microeconomia. Nesta semana, o presidente conseguiu anunciar uma série de medidas e fez diversos eventos no Palácio do Planalto. Em seus discursos, Temer usou mais de uma vez o bordão: “Enquanto alguns protestam, a caravana passa, e a caravana está passando”. Auxiliares afirmam que é com esse mote e reforçando a ideia de que o “Brasil não pode parar” que o presidente vai tentar reunir forças para continuar com o apoio da base.

Dissidência. Os partidos que formam o Centrão – PP, PR, PRB, PSD e PTB – conseguiram dar 100% de seus votos na CCJ contra a admissibilidade da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que acusa o presidente de corrupção passiva, mas dificilmente o mesmo cenário se repetirá no plenário da Câmara. Os aliados do governo admitem focos de resistência em suas bancadas para votar a favor, até mesmo no PMDB, mas esperam que a dissidência seja mínima na votação que definirá o futuro de Temer.

A oposição reconhece que ainda não tem os 342 votos necessários para aprovar a admissão da denúncia em plenário, mas aposta na ampliação dos dissidentes nos próximos dias. A expectativa é de que as possíveis delações do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do corretor Lúcio Funaro tragam fatos novos e capazes de abalar a base governista. Os oposicionistas esperam também pela pressão das bases eleitorais sobre os parlamentares durante o recesso, que termina no dia 1.º de agosto.

A tramitação da denúncia na Câmara também estremeceu a relação entre Temer e o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que até então se comportava como um líder do governo. Nos últimos dias, ministros do Planalto tentaram arrefecer o incômodo elogiando publicamente a postura de Maia para evitar novos atritos./C.A., DAIENE CARDOSO E ISADORA PERON

- Base

“Há um crescimento de votos na Câmara a favor do presidente (ao comentar a denúncia contra Temer e as agendas econômicas promovidas pelo governo).”

Marcos Montes (PSD-MG)

DEPUTADO FEDERAL E LÍDER DO PARTIDO NA CÂMARA