Título: Bancos miram R$ 20 bi
Autor: Bonfanti, Cristiane ; Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 12/02/2012, Economia, p. 11/12/13

O elevado nível de endividamento da classe A em nada assusta os bancos. Pelo contrário. As maiores instituições financeiras do país — Bradesco, Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Santander e HSBC — estão travando uma acirrada guerra pelos clientes de alta renda do Distrito Federal. A briga, por sinal, atingiu seu ápice no início deste ano, quando os servidores públicos ganharam o direto de escolher onde querem receber o salário. Estima-se que, juntos, os funcionários dos governos federal e local recebam em seus contracheques a fortuna de R$ 20 bilhões por mês.

De olho nessa montanha de dinheiro, os bancos decidiram ampliar o atendimento VIP por meio de agências exclusivas batizadas de Estilo, Prime, Personalité, Premier e Van Gogh. Todas com o mesmo objetivo: fidelizar esses consumidores de maior poder aquisitivo. "Estamos falando de salários muito superiores à média do país", diz Felipe Chad, sócio da Corretora DX Investimentos. Não bastassem os salários elevados, os rendimentos são engordados por comissões, com a Direção de Assessoramento Superior (DAS), que chega a até R$ 21,7 mil mensais.

"Apenas o rendimento médio do servidor público no Distrito Federal é de R$ 5,2 mil, quatro vezes maior do que o do trabalhador do setor privado", relata o economista Júlio Miragaya, diretor de Gestão de Informações da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan). Ele explica que, teoricamente, quanto mais elevada for a renda, maior é a capacidade de poupança. O que se vê, no entanto, é uma enorme disposição para gastos, parte deles bancados por linhas de crédito — uma festa para o sistema financeiro, que cobra juros médios de 6% ao mês no crédito pessoal.

O melhor, destaca Chad, é que, como os servidores têm estabilidade no emprego, os riscos de perdas dos bancos são mínimos. "As instituições adoram esses clientes porque usam o cheque especial, o cartão de crédito e pagam juros em várias operações de crédito", explica.