Claque pede 'fica, Temer ' em solenidade no Planalto

Andrea Jubé e Bruno Peres

12/07/2017

 

 

O presidente Michel Temer contou ontem com o apoio de uma claque que ensaiou um "fica, Temer!" em pleno Palácio do Planalto durante solenidade de entrega de títulos de propriedade para ocupantes de terrenos rurais e urbanos. "Vocês viram que eu sei ganhar aplausos", disse o presidente à plateia que assistiu ao evento em um recinto fechado. Ao longo do dia de ontem, Temer por diversas vezes procurou reafirmar sua disposição de continuar governando o país "apesar dos protestos". Pela manhã, o presidente ressaltou que sem a sua gestão, a economia não estaria voltando aos trilhos. À tarde, ressaltou que não permitirá que "tentem paralisar" o país. À noite, comemorava a aprovação da reforma trabalhista no Senado. No anúncio de R$ 103 bilhões para o crédito rural, Temer ressaltou que sem o seu desempenho no comando do governo, a economia não estaria reagindo. "De vez em quando eu vejo dizendo "ah, se a economia vai bem, não precisa de governo", disse o presidente. "Precisa sim", reagiu. "Porque foi este governo que botou a economia nos trilhos. É este governo que está colocando o trem nos trilhos, para que quem chegar em 2019 possa apanhar a locomotiva com os trilhos no lugar", desafiou.

Na cerimônia que contou com a claque, Temer reforçou a defesa: "Eu estou falando de um governo de um ano e um mês que tem sido vítima muitas vezes das mais variadas contestações, enquanto uns protestam, a caravana passa", disse. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi convidado para a solenidade, mas não compareceu - embora tenha o hábito de comparecer às cerimônias palacianas. Maia ficou na residência oficial em meio a articulações políticas. Atento aos movimentos do DEM, Temer reuniu-se ontem com o presidente da sigla, senador José Agripino (RN), e com o deputado José Carlos Aleluia (BA). Citando o cantor e compositor Geraldo Vandré, perseguido no regime militar, Michel Temer agradeceu o apoio dos deputados aliados na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), após a leitura do relatório do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), que afirmou que existem "indícios graves" de crime de corrupção passiva por parte do presidente da República e recomendou o recebimento da denúncia. "Para não dizer que não falei de flores, quero agradecer àqueles que no dia de ontem usaram sua palavra, suas orações, para me defender", disse, em uma menção a uma música que se tornou um símbolo de protestos de rua na década de 60.

O presidente disse que tem prazer em exercer a Presidência da República e destacou que fez mais pelo país em um ano e um mês de governo "como nunca se fez nos 20 anos passados". Foi uma solenidade em que Temer pode exaltar o viés social de seu governo, com a presença dos ministros das Cidades, Bruno Araújo, da Casa Civil, Eliseu Padilha, da Integração Nacional, Helder Barbalho, e do Planejamento, Dyogo Oliveira. Durante o discurso, Temer disse considerar "incrível" que em todo esse tempo, as gestões anteriores não tenham se ocupado da regularização fundiária, para conceder os títulos de propriedade aos moradores dos terrenos.

 

 

Valor econômico, v. 17, n. 4295, 12/07/2017. Política, p. A5.