EDUARDO BARRETTO
O presidente Michel Temer desistiu de passar o réveillon na Restinga da Marambaia, no Rio, e cancelou a quarta viagem em aproximadamente duas semanas. A sequência de mudanças começou após sua última cirurgia, no dia 13 deste mês, quando teve de colocar uma sonda para se recuperar de um problema urológico. O presidente viajaria com a família ontem para o Rio, mas passou o dia no Palácio do Jaburu, residência oficial, onde recebeu deputados e os ministros Torquato Jardim ( Justiça), Eliseu Padilha ( Casa Civil) e Moreira Franco ( Secretaria Geral). A agenda oficial previa que ele fosse ao Palácio do Planalto, como de praxe.
A ideia original do presidente era repetir o local do réveillon do ano passado, na reserva no Rio, administrada pela Marinha. A despeito de o presidente dispor de assistência médica nas viagens e de assessores mapearem e vistoriarem hospitais próximos em casos de emergência, a decisão foi de permanecer em Brasília por ser mais seguro à saúde. Por outro lado, assessores do Planalto alegaram que Temer citou o mau tempo no Rio e o fim de ano atarefado, especialmente após demissão do ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, anteontem.
PRESENÇA EM DAVOS NÃO ESTÁ CONFIRMADA
Michel Temer foi operado por três vezes em 45 dias, do fim de outubro a meados de dezembro: uma cirurgia cardíaca para colocação de três stents em artérias coronárias, com mais de 90% de obstrução; e duas urológicas. Desde o procedimento mais recente, no início deste mês, o peemedebista porta uma sonda para coletar urina e deve usá- la por mais uma semana. Ele também se consultou duas vezes no posto médico do Planalto, após o almoço.
Na última quarta- feira, minutos antes de aceitar a carta de demissão do ministro do Trabalho, o presidente recebeu em seu gabinete o médico da Presidência. Logo após o encontro com o demissionário, Temer deixou o Planalto e foi para casa. Ele voltou para o Jaburu às 18h, cedo para seus padrões. O presidente não costuma sair do palácio antes das 21h.
Um auxiliar de Temer estranhou a “irritação” e a “vitalidade menor” do presidente nos últimos dias. Outro aliado disse que há um esforço para tentar diminuir a carga de trabalho do peemedebista nos últimos dias do ano, quando o Legislativo e o Judiciário já estão em recesso. A três semanas do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, a ida do presidente ainda não é dada como totalmente confirmada.
O cardiologista Roberto Kalil Filho afirmou ontem ao GLOBO que não está prevista a ida do presidente Temer ao hospital nos próximos dias. Kalil já havia dito que, por causa da sonda que está usando, o presidente deveria ficar a maior parte do tempo em repouso e não deveria fazer viagens longas. O cardiologista não respondeu se foi consultado sobre a viagem para a base militar da Restinga da Marambaia.
Destino de Temer no fim do ano passado, a base militar no Rio também foi frequentada pelos ex- presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Outros locais também foram utilizados para os festejos do réveillon. Em 1999, FH optou por Angra dos Reis, também no Rio. Lula e Dilma passaram o fim de ano em bases militares na Bahia. ( Colaborou Luiza Souto)