07/09/2017

‘Rei Arthur’ está na lista da Interpol

CHICO OTAVIO

 

 

Acusado de comprar voto para a Rio-2016, empresário está foragido desde terça-feira

A última informação disponível sobre o empresário Arthur César de Menezes Soares Filho, conhecido como “Rei Arthur,” registra que ele embarcou para Portugal, em voo da TAP, no dia 24 de abril. Desde terça-feira, quando o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, assinou o mandado de prisão preventiva, a Polícia Federal brasileira (PF) está no encalço do empresário. As suspeitas sobre o paradeiro do Soares, acusado de pagar propina na escolha do Rio para sede dos Jogos Olímpicos de 2016, recaem sobre os Estados Unidos. Mas os policiais também trabalham com a hipótese de ele estar escondido na Europa.

A pedido do Ministério Público Federal, Bretas decidiu prender o empresário e sua sócia, Eliane Pereira Cavalcante, depois que as investigações da Operação Unfair Play demonstraram que ele usou a Matlock Capital Group, offshore aberta sob as leis das Ilhas Virgens, no Caribe, para fazer duas transferências suspeitas: o pagamento de US$ 2 milhões para a conta de Papa Diack, filho de Lamine Diack, então presidente da Federação Internacional de Atletismo, de uma conta nos EUA; e outros US$ 10,4 milhões para o então governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), de uma conta do EVG Bank, em Antígua e Barbuda.

Eliane Cavalcante foi presa na terça-feira, mesmo dia em que agentes da PF cumpriram mandado de busca e apreensão na casa de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), e na sede da entidade. Nuzman é suspeito de participar da negociação que teria resultado na compra do voto de Lamine Diack no processo que decidiu a escolha do Rio. Soares, contudo, continuava foragido até a noite de ontem, com o nome incluído na difusão vermelha da Interpol.

 

SEM APOIO DOS EUA

As buscas ao empresário estão sendo conduzidas pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) da PF. Uma das possibilidades aponta para Key Biscayne, em Miami, onde ele é dono de uma casa em condomínio fechado. Inicialmente, as autoridades brasileiras esperavam que os colegas americanos o prendessem, mas as negociações em torno de um acordo de cooperação não evoluíram. Com a difusão vermelha, a PF espera que os EUA finalmente se sensibilizem.

Um caminho para a prisão de Soares em território americano, sem as restrições normalmente impostas às investigações estrangeiras, seria convencer as autoridades da Imigração dos EUA a checar a situação do empresário. Se ele estiver em condição irregular, bastaria deportá-lo.