Temer critica aqueles que aplicam a lei 'segunda sua ideologia ou sentimentos'

Andrea Jubé, Fabio Murakawa e Edna Simão

14/07/2017

 

 

m plena crise política, às vésperas da votação do recebimento da denúncia no plenário da Câmara dos Deputados, o presidente Michel Temer empenhou-se em criar uma atmosfera de otimismo na cerimônia de sanção da reforma trabalhista. Diante da convocação de todo o ministério para a solenidade, quase 20 ministros de diferentes partidos estiveram na cerimônia. Havia representantes dos três Poderes, incluindo o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra Martins Filho.

Em sua fala, numa crítica velada ao Judiciário, o presidente Temer criticou a "passionalização da interpretação do direito". Segundo o presidente, ao longo do tempo "passionalizou-se, praticamente, todas as questões que vão ao Judiciário. As pessoas, às vezes, ao invés de aplicar rigidamente a ordem jurídica, sem qualquer emoção ou sem qualquer ideologia, fazem-no segundo a sua ideologia ou segundo os seus sentimentos psicológicos ou sociológicos", completou, o que leva à "instabilização da ordem jurídica".

Temer lamentou que as críticas à reforma não tenham sido pautadas pelo conteúdo, e sim pela luta política. Ele voltou a dizer que "os protestos se fazem, mas a caravana vai passando. E nós estamos passando", reafirmou.

Temer defendeu que o governo empreendeu um "aperfeiçoamento extraordinário" em uma legislação estagnada na década de 40 e que coube a ele a "coragem e ousadia" para conduzir mudanças que levarão à geração de empregos e à redução de conflitos na Justiça do Trabalho. O presidente declarou que se vê cercado de um "entusiasmo extraordinário" e "palmas verdadeiras", enquanto fala-se em "suposta crise".

No mesmo tom de exaltação, o líder do governo Romero Jucá (PMDB-RR), relator da matéria no Senado, pediu que "Deus abençoe esta lei e leve para cada família desse Brasil um emprego decente para que possam viver em paz".

Para Temer, a recuperação da confiança, aumento do investimento e melhora em indicadores de produção, comércio e consumo são consequências das reformas fundamentais que o governo vem promovendo. "Não vem por questão meramente sazonal."

 

 

Valor econômico, v. 17, n. 4297, 14/07/2017. Brasil, p. A3.