Marina critica interferência de Temer no Legislativo

Marcos de Moura e Souza

14/07/2017

 

 

A ex-senadora e presidenciável Marina Silva (Rede) criticou o governo do presidente Michel Temer (PMDB) por interferência indevida no Legislativo com o intuito de se salvar do processo que poderá levar a seu afastamento do cargo por suspeitas de corrupção. "Nós temos uma situação em que há um pedido para julgamento do atual presidente da República com uma denúncia contundente feita pelo Ministério Público em que há uma interferência do Executivo no Legislativo pressionando pela substituição de deputados", criticou Marina em entrevista ao Valor PRO, o serviço de informações em tempo real do Valor.

Ela se referia à substituição feita nos últimos dias de deputados de partidos da base de Temer que integravam a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara por deputados que inspiravam mais confiança no Planalto de que rejeitariam o pedido da Procuradoria-Geral da República para que o presidente seja julgado por corrupção passiva. O governo derrotou ontem o parecer pela aceitação da denúncia.

Para Marina, Temer e aliados simplesmente negam "as imagens estarrecedoras do principal assessor do presidente com uma mala de dinheiro da ordem de R$ 500.000". O assessor da Presidência Rodrigo Rocha Loures (PMDB) foi filmado pela Polícia Federal após um encontro em São Paulo com um diretor do grupo J&F. Nas imagens ele apareceu correndo com a mala com a quantia. A procuradoria afirma que o dinheiro era destinado a Temer. Ele nega.

As suspeitas sobre Temer, afirmou Marina, fragilizaram a tal ponto o governo que já não é visto mais como capaz de entregar o país ao próximo presidente.

"É um momento de pensar em que base nós vamos reconstruir o país, em que base nós vamos chegar em 2018, a partir de que nós vamos fazer a transição. É continuar com o governo desmoralizado deslegitimado, completamente sem condição de fazer essa transição por tudo isso que está acontecendo?", questionou.

 

 

Valor econômico, v. 17, n. 4297, 14/07/2017. Política, p. A7.