Título: Confrontos no Egito
Autor: Tranches, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 05/02/2012, Mundo, p. 20

Manifestantes e policiais continuaram, ontem, a protagonizar confrontos na capital egípcia, Cairo. Durante a manhã, em frente à sede do Ministério do Interior, centenas de pessoas atiraram pedras contra as forças policiais, que responderam com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo.

Desde a quinta feira, houve pelo menos 12 mortes nos protestos, motivados pela tragédia ocorrida quarta-feira no estádio de Port Said, que tirou a vida de 74 pessoas. Para a população, o episódio no campo de futebol contou com a conivência da polícia e mostrou que a junta militar que comanda o país desde a queda do ditador Hosni Mubarak não é capaz de garantir a segurança no país.

O maior número de mortes após a tragédia foi registrado na cidade portuária de Suez, onde há oito vítimas, segundo autoridades de saúde egípcias. Outras cinco pessoas morreram no Cairo — entre elas, um policial que foi atropelado acidentalmente por um carro do governo na quinta-feira. O número de feridos chega a 2.532.

Aqueles que vão às ruas exigem o fim do Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA), no poder há quase um ano. Comandado pelo marechal Mohammed Hussein Tantawi, o CSFA, por sua vez, acusa "mãos estrangeiras e internas" pelos distúrbios. O primeiro-ministro, Kamal Ganzuri, assumiu a responsabilidade pela tragédia no evento esportivo e demitiu os chefes dos serviços de segurança e inteligência de Port Said.

Eleição Como resposta aos protestos, o conselho civil designado para orientar o governo militar recomendou que os preparativos para a eleição presidencial comecem no próximo dia 23, com a aceitação de candidaturas formais. Pelo cronograma divulgado até então, isso só seria permitido a partir de 15 de abril. O anúncio causou expectativas quanto à antecipação do pleito presidencial, previsto para junho.