Ricardo Baldin é o terceiro diretor a deixar o BNDES em duas semanas

Rafael Rosas

20/07/2017

 

 

O diretor de gestão de riscos, tecnologia da informação e controladoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Ricardo Baldin, pediu demissão do cargo esta semana. Baldin é o terceiro diretor a deixar o banco nos últimos 15 dias. Por divergências com o atual presidente, Paulo Rabello de Castro, que assumiu o posto no começo de junho, já pediram demissão Vinicius Carrasco e Claudio Coutinho.

O diretor jurídico, Marcelo de Siqueira, assumirá interinamente as funções de Baldin. Ainda não há substituto escolhido para o cargo. Antes de assumir a diretoria no BNDES, Baldin havia feito carreira na PwC e no Itaú Unibanco.

Há duas semanas, Carrasco e Coutinho pediram demissão por discordarem das críticas de Castro ao modelo proposto para a taxa de juros que serve de referência para os empréstimos do banco, que vai mudar a partir de janeiro da atual Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) para Taxa de Longo Prazo (TLP).

Na ocasião, Rabello de Castro havia alertado que a fórmula proposta para o cálculo da TLP poderia ser prejudicial por reduzir a previsibilidade das condições dos empréstimos concedidos pelo banco. Segundo o presidente do banco, deveria haver mais debates antes da instituição da TLP como nova taxa básica.

Os dois diretores, que tinham participado da gestão da presidente anterior do banco, Maria Silvia Bastos Marques, fazendo parte da equipe que definiu as diretrizes da TLP, não gostaram das críticas de Paulo Rabello e pediram demissão.

O presidente da instituição veio então a público elogiar os dois diretores e afirmou ao Valor que no BNDES "fica quem quer, sai quem acha que precisa". Na semana passada, Rabello de Castro confirmou que Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC) assumirá a diretoria financeira do banco no lugar de Coutinho.

A saída de Baldin, acontece em meio a um período turbulento do banco de fomento. Em 12 de maio, a operação Bullish, da Polícia Federal, levou à condução coercitiva de 31 funcionários e ex-funcionários da instituição. A Bullish investiga as operações do BNDES com a JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

A operação da PF foi apontada como uma das razões que levaram à saída de Maria Silvia do banco. Não por qualquer envolvimento com a investigação, mas por conta da forte pressão dos funcionários do banco, que não gostaram da atuação da ex-presidente na defesa dos empregados conduzidos coercitivamente a depor.

 

 

Valor econômico, v. 17, n. 4301, 20/07/2017. Brasil, p. A2.