Torquato diz que Temer tem base de 252 deputados

Juliano Basile

20/07/2017

 

 

O ministro da Justiça, Torquato Jardim, afirmou que o governo tem quórum para garantir vitória contra a aceitação da denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer. "O governo tem uma base sólida de 252 deputados na base de apoio. Quem tem que produzir 342 é a oposição. Então, é preciso mudar a equação. Não é o governo que tem que prover o quórum. Para ele basta um terço [dos deputados para negar a denúncia] e ele tem mais de um terço." A questão que ocorrerá, disse Torquato, é que a oposição deverá fazer o "gesto político" de não dar o quórum suficiente para deliberar. "Tem que ter 342 deputados para abrir a sessão", disse. De acordo com Torquato, caso Janot apresente uma nova denúncia contra Temer o governo tomará "as providências que achar necessárias". Ele não quis antecipar o que será feito. "Nós faremos o que tivermos que fazer", resumiu em debate no Wilson Center, um dos "thinks tanks" de Washington. Torquato negou que a sua visita à capital americana tenha relação com a vinda de Janot, que também esteve no Wilson Center, na segunda-feira. "As viagens foram planejadas separadamente. Foi uma coincidência", afirmou. O ministro disse que conhece Janot há muitos anos e eles têm boa relação. "Temos amigos em comum e sempre nos falamos quando necessário. Quando fui ministro da Transparência, estive com ele muitas vezes para tratar de acordos de cooperação. Nós não temos dificuldades."

Segundo Torquato, a Lava-Jato foi positiva para o país e se tornou "imparável". De acordo com o ministro, a operação está sendo conduzida por uma nova geração de procuradores e "tem a sua própria agenda". "Quanto à Lava-Jato, ela é um ganho para a nossa sociedade. É imparável. Tudo o que for preciso fazer de acordo com a Constituição e a lei será feito", afirmou Torquato. O ministro negou-se a comentar a denúncia já apresentada por Janot contra Temer. Segundo ele, esse é um assunto para o advogado do presidente, Antônio Claudio Mariz de Oliveira. "Eu não sou o advogado do presidente. Deixe o senhor Mariz responder a isso", afirmou. Torquato não quis falar sobre a eventual ação controlada que seria realizada sobre o presidente nos Estados Unidos, o que acabou não ocorrendo pois Temer não viajou ao país.

 

 

Valor econômico, v. 17, n. 4301, 20/07/2017. Política, p. A10.