Cozendey é nomeado embaixador na OCDE
Assis Moreira e Daniel Rittner
21/07/2017
O presidente Michel Temer nomeou o diplomata Carlos Márcio Cozendey como o primeiro embaixador do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entidade na qual o país espera ser aceito como membro. Agora falta o presidente criar o posto diplomático em Paris. A expectativa é que isso ocorra rapidamente e Cozendey, com o sinal verde do Senado, assuma antes do fim do ano.
Atualmente subsecretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, Cozendey é um dos melhores quadros da diplomacia brasileira e a nomeação é mais uma sinalização da importância que o governo atribui à entrada na entidade como parte do programa de reformas no país.
A escolha de Temer foi a de seu representante pessoal no G-20. Cozendey é o ''sherpa'', o principal negociador brasileiro no grupo das maiores economias desenvolvidas e emergentes.
Além disso, ele chefiou do lado brasileiro a aproximação ocorrida nos últimos tempos com a OCDE. Além de agora participar permanentemente em Paris da negociação para a acessão do Brasil na entidade, Cozendey vai representar o país em negociações da maior importância econômica. Uma delas é a busca de solução para o excesso de capacidade de vários produtos globalmente, como aço e provavelmente alumínio, para se evitar uma guerra comercial.
Ele é economista de formação e serviu todo seu tempo na diplomacia econômica, em postos na missão junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) em Genebra, na missão junto à União Europeia, em Bruxelas, e na Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), em Montevidéu.
Foi secretário de Assuntos Internacionais da Fazenda num período em que o ministro era Guido Mantega. Nesse posto, representou o Brasil como vice-ministro numa série de negociações no G-20 financeiro e na preparação do G-20 dos líderes.
Para substituir Cozendey na Subsecretaria-Geral de Assuntos Econômicos e Financeiros, um dos cotados é o diplomata gaúcho Paulo Estivallet de Mesquita.
Hoje embaixador, Estivallet já serviu na delegação permanente do Brasil em Genebra e depois na delegação junto à OMC. Na volta a Brasília, foi diretor do Departamento Econômico do Itamaraty. Desde setembro de 2015, comanda a Subsecretaria-Geral da América Latina e do Caribe, que abrange questões delicadas para a diplomacia brasileira, como o funcionamento do Mercosul e o relacionamento com a Venezuela.
Para fontes do Itamaraty, Estivallet é um dos diplomatas mais qualificados para o cargo, que exige conhecimento da área comercial. Sua ida para o posto ocupado atualmente por Cozendey também criaria um desfalque na cadeira de América Latina. Trata-se, porém, de uma subsecretaria com mais candidatos ao cargo.
A dança das cadeiras não é um movimento imediato. Após a indicação, Cozendey ainda precisará ser sabatinado pela Comissão de Relações Exteriores do Senado e ter seu nome aprovado em plenário.
Valor econômico, v. 17, n. 4302, 21/07/2017. Brasil, p. A2.