ANDRÉ DE SOUZA
13/09/2017
Após investigar suspeitas contra políticos do PMDB, acusados de desviar dinheiro público, a Polícia Federal (PF), órgão do Ministério da Justiça, elaborou um organograma no qual indica o presidente Michel Temer e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha como figuras centrais de uma organização criminosa.
O organograma liga nove pessoas a Temer. São elas os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, os ex-ministros Geddel Vieira Lima, Henrique Alves e Antônio Andrade e mais quatro exassessores do presidente: José Yunes, Tadeu Filippelli, Sandro Mabel e Rocha Loures. No caso de Cunha, o doleiro Lúcio Funaro aparece como ponto intermediário para a ligação do presidente com três supostos operadores: Sandro Mabel, Geddel Vieira Lima e o ex-presidente da Caixa Fábio Cleto.
O desenho lembra outro que ficou famoso, mas elaborado pelo MPF e apresentado em setembro do ano passado, colocando o ex-presidente Lula no centro de um esquema criminoso.
No relatório, a PF concluiu haver “suficientes indícios de materialidade e autoria do crime de organização criminosa atribuível ao grupo do ‘PMDB da Câmara.’ Ao todo, a PF apontou que Temer foi beneficiado com pelo menos R$ 31,5 milhões de vantagens indevidas. Os valores teriam sido pagos pela Odebrecht e pelo grupo J&F, controlador da JBS. Além disso, teria pedido R$ 5,64 milhões para a campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo em 2012. Também citou doações para a campanha de Paulo Skaf ao governo paulista, mas sem mencionar valores.
Segundo a PF, Temer tinha poder de decisão “tanto para indicações em cargos estratégicos quando na articulação com empresários beneficiados nos esquemas, para recebimento de valores, sob justificativa de doações eleitorais”. Cunha é o único citado que está em posição de igualdade. A seta que os liga é de mão dupla e menciona: “ação conjunta da gestão do núcleo político”.
“De forma consistente, foi apontado como uma das figuras centrais beneficiadas em pagamentos pelo Grupo JBS, inclusive com possível recebimento de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), por intermédio do ex-deputado federal e ex-assessor Rodrigo da Rocha Loures”, diz outro trecho do relatório.