O globo, n.30718 , 13/09/2017. PAÍS, p. 4

FUNARO DIZ EM DELAÇÃO QUE TEMER RECEBEU PROPINA EM ANGRA 3

13/09/2017

 

Doleiro aponta que empresa de amigo do presidente serviu a esquema

Em seu processo de colaboração, o doleiro Lúcio Funaro, operador financeiro do PMDB, afirmou que o presidente Michel Temer sempre soube dos pagamentos de propina e se beneficiou do esquema de corrupção em Angra 3. No acordo, já homologado pelo ministro Edson Fachin, Funaro foi além e nomeou quatro pessoas que teriam atuado como operadores do presidente Temer: José Yunes, seu ex-assessor especial e amigo há 40 anos; o coronel João Batista Lima Filho, dono da Argeplan; Wagner Rossi, ex-ministro da Agricultura e ex-presidente da Companhia Docas de São Paulo (Codesp) e Marcelo Azeredo, que também presidiu a Codesp, a administradora do Porto de Santos. As informações foram antecipadas no site do GLOBO na coluna Poder em Jogo, da jornalista Lydia Medeiros.

De acordo com o relato, Yunes seria o principal intermediário e usava a empresa do coronel Lima, a Argeplan, para lavar os ganhos indevidos com o contrato de Angra 3. Delatores de empreiteiras — UTC, Andrade Gutierez e Camargo Corrêa — já relataram à LavaJato que houve propina envolvendo o PMDB na obra. A empresa AF Consult, que já teve sede na Finlândia e Suíça, fechou um contrato de R$ 162 milhões com a Eletronuclear para participar das obras de Angra 3 e subcontratou duas empresas brasileiras, a empreiteira Engevix e a AF Brasil, que tem como sócia a Argeplan do coronel Lima.

A coluna também revelou que Wagner Rossi e Azeredo, segundo Funaro, operavam as propinas do Porto de Santos. O delator detalhou pagamento de propina feito à cúpula do PMDB pela empresa Cibe. Segundo Funaro, a empresa pagou 4% de propina para obter empréstimo do FIFGTS no valor de R$ 300 milhões. Segundo o relato, o dinheiro foi dividido entre Moreira Franco (60%), Eduardo Cunha (25%) e o próprio Funaro (15%).

Procurado para comentar as acusações de Funaro, o presidente não se pronunciou. Moreira diz que não praticou ato ilícito.