MARIA LIMA E LETICIA FERNANDES
13/09/2017
Como esperado, foi tumultuada a primeira sessão de trabalho da CPI da JBS, criada para fazer uma devassa no acordo de delação premiada do grupo empresarial com a Procuradoria-Geral da República e vista pelo governo como tribuna para tentar anular as delações. A confirmação do nome do deputado Carlos Marun (PMDB-MS) como relator pelo presidente da comissão e autor da CPI, senador Ataídes Oliveira (PSDBTO), provocou uma rebelião entre os integrantes não governistas e levou à saída dos senadores Ricardo Ferraço (PSDB-ES) e Otto Alencar (PSD-BA).
Ambos deixaram a comissão acusando Ataídes e Marun de estarem patrocinando uma “CPI chapa-branca” e , em protesto, não aceitariam participar da “farsa”. Além do deputado bancado pelo PMDB, por ser o maior partido do Congresso e um dos chefes da tropa de choque do Planalto, Ataídes também foi muito cobrado e passou por uma saia-justa ao ter que explicar, ao longo de toda a sessão, sua ida ao Palácio do Jaburu, no último sábado, negociar com o presidente Michel Temer e ministros obras para seu estado, às vésperas da instalação da CPI cuja criação patrocinou.
Ataídes negou que o fato de ter ido ao encontro de Temer no último sábado, para acertar obras em sua base eleitoral, tenha sido “barganha”.
— Não fiz barganha nenhuma! Mas já pensou? Se ele diz que vai duplicar 800 quilômetros da BR 153 no Tocantins, vou até limpar o chão do Planalto se ele quiser, mas com ética! — rebateu Ataídes.
— (A escolha de Marun) deixa a impressão de acerto de contas, de revanche, que descaracteriza a necessária investigação dos fatos — atacou Ferraço.
— Se for o meu adeus que os prende, tchau! — respondeu Carlos Marun.
Muito irritado, o senador Otto Alencar saiu da sala da CPI batendo a porta com violência e chamou Carlos Marun de “testa de ferro” de Temer:
— Isso é uma farsa, CPI chapa-branca para fazer o que o Planalto deseja e quer. Me retiro dessa farsa envergonhado!