ANDRÉ DE SOUZA
13/09/2017
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou ontem a atacar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, dizendo que ele parece ter perdido o cérebro. Para isso, invocou até mesmo o nome do ministro Teori Zavascki, antigo relator da Operação Lava-Jato, morto em janeiro deste ano. Em sessão da Segunda Turma do STF, ele disse que Teori, no lugar onde estiver, está dizendo que Deus o poupou desse vexame, numa referência aos problemas da delação de executivos da JBS. Hoje, o Supremo analisa a validade das provas apresentadas pelos delatores da empresa.
Gilmar também criticou o ministro Edson Fachin, que substituiu Teori na relatoria e homologou o acordo de colaboração firmado pelos delatores com Janot, dizendo que o nome dele pode ser “conspurcado” por decisões equivocadas.
— Os casos que agora estão sobre a mesa são altamente constrangedores. O STF está enfrentando um quadro de vexame institucional. Certamente, no lugar onde está, o ministro Teori está rezando por nós, dizendo: “Deus me poupou desse vexame.” Nós estamos vivenciando um grande vexame, o maior que já vi na história do tribunal — disse Gilmar.
Dirigindo-se a Fachin, Gilmar afirmou:
— Não invejo seus dramas pessoais, porque certamente poucas pessoas ao longo da história do STF se viram confrontadas com desafios tão imensos, grandiosos. E tão poucas pessoas na história do STF correm o risco de ver o seu nome e o da própria Corte conspurcados por decisões que depois vão se revelar equivocadas.
Após a fala de Gilmar, que durou cerca de 18 minutos, Fachin respondeu:
— Eu reitero o voto que proferi com base naquilo que entendo que é a prova dos autos. E por isso agradeço a preocupação de Vossa Excelência, mas parece-me que, pelo menos ao meu ver, julgar de acordo com a prova dos autos não deve constranger a ninguém, muito menos um ministro da Suprema Corte. Também agradeço a preocupação de Vossa Excelência e digo que a minha alma está em paz.
Gilmar reconheceu que as delações são importantes e, em muitos casos, não há investigações sem elas. Mas, segundo ele, a Procuradoria-Geral da República usa isso em manipulações:
— Essa manipulação é horrorosa, é nojenta, é repugnante. Ver o estado de degradação, putrefação dessa instituição (PGR) me constrange.