Título: Sinalização ao mercado
Autor: Caprioli, Gabriel
Fonte: Correio Braziliense, 16/02/2012, Economia, p. 11

Os agentes do mercado financeiro operaram ontem, durante boa parte do dia, de olho no anúncio do contingenciamento do Orçamento 2012. O tamanho do corte era a sinalização que faltava para os economistas chegarem ao chamado "mix de política fiscal e monetária" traçado pelo governo e refazer suas apostas para o cumprimento da meta de superavit fiscal e de inflação. A expectativa de que o Banco Central vai continuar cortando a taxa básica de juros (Selic) para 9% ao ano se refletiu nas transações de juros futuros com vencimentos mais curtos, que tiveram ligeira queda sobre o fechamento anterior.

O contrato com maior liquidez, que vence em janeiro de 2013, registrou uma taxa de 9,29%, 0,01 ponto percentual inferior à de terça-feira. Já a projeção de que o contingenciamento de R$ 55 bilhões será insuficiente para trazer o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a 4,5% fez os contratos com vencimentos mais longos avançarem.

Os pregões ao redor do mundo, por sua vez, reverberaram as notícias da Zona do Euro, que teve contração de 0,3% no quarto trimestre de 2011 pela primeira vez desde o segundo trimestre de 2009, e levaram as bolsas de valores a fechar em sentidos opostos. No Brasil, o índice que reúne as principais ações da bolsa paulista (BM&FBovespa) encerrou o dia em alta de 0,51%. Apesar da queda no Produto Interno Bruto (PIB) europeu, o indicador foi impulsionado pela informação de que o Banco Central chinês pode ajudar a buscar soluções para a crise da dívida na Europa.

A atividade na Alemanha e na França, duas das principais economias da região, foi considerada melhor do que o esperado e também animou os investidores. Tanto a bolsa de Frankfurt quanto de Paris avançaram 0,44%. Nos Estados Unidos, a Bolsa de Nova York recuou 0,76%, impulsionada pela ata do Federal Open Market Committee (Fomc, o Comitê de Política Monetária norte-americano). Alguns membros do colegiado avaliaram que, apesar dos sinais de melhora na economia local, uma nova rodada de compras de bônus pelo Federal Reserve (Fed) será necessária em breve. (GC)

Impacto nos municípios Os cortes no Orçamento de 2012 terão impacto direto nos municípios, segundo avalia o presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski. "E de duas formas: a primeira pelo contingenciamento, mais uma vez, das emendas parlamentares e a segunda, em função da reprogramação de Receita, principalmente, do Imposto de Renda", explica. Ziulkoski lembrou que, na Lei Orçamentária Anual, estava prevista uma arrecadação de R$ 275,1 bilhões de Imposto de Renda, e o governo reduziu para R$ 263,0 bilhões, o que representa uma queda de 4,4%. Já o IPI estava estimado em R$ 51,4 bilhões e caiu para R$ 51 bilhões, com uma queda de 0,9%. "Como estes dois impostos compõem o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), esta nova reprogramação reduz o montante do fundo na LOA de R$ 76,7 bilhões para R$ 73,8 bilhões, ou de 3,8%", esclareceu.