Título: Ações se concentram no carnaval
Autor: Castro, Grasielle
Fonte: Correio Braziliense, 16/02/2012, Brasil, p. 8
Apesar da reclamação constante de falta de informação, o Ministério da Saúde garante que trabalha durante o ano inteiro com o foco nos jovens. Segundo a assessoria de imprensa da pasta, um dos principais programas é de prevenção à Aids é o de Saúde e Prevenção nas Escolas, que trabalha com todas as doenças sexualmente transmissíveis, inclui a distribuição de preservativos e engloba a participação de pais e da comunidade. A ação está presente em 14 mil das 19 mil escolas de ensino médio do país. Dessas, 3 mil distribuem camisinhas.
Para o psicólogo e coordenador do Polo de Prevenção à DST/Aids da Universidade de Brasília (UnB), Mário Ângelo Silva, também falta um programa escolar voltado para o público gay. O índice de jovens infectados cresce entre os homossexuais. Se tivesse aceitação melhor nos seus espaços, em casa e na comunidade, com certeza essas taxas diminuiriam." Coordenadora do Instituto Vida Positiva, Vicky Tavares alega que só se fala sobre a doença no carnaval e no Dia Mundial de Combate à Aids, em 1º de dezembro. "A Aids fica esquecida o ano inteiro", critica.
Neste ano, o Ministério da Saúde divulgou que faria uma campanha de prevenção à doença no carnaval voltada para os jovens e com uma chamada inédita para os travestis. A intenção acabou em polêmica. Apresentado no lançamento da campanha no Rio de Janeiro, um vídeo que mostrava um casal gay prestes a ter relação sexual foi banido da tevê aberta sob a alegação de que ele — já disponível no site do ministério — seria exclusivo para campanhas em locais fechados.
O suposto veto provocou manifestações de comunidades LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais), como o Estruturação – Grupo LGBT de Brasília. Cerca de 20 integrantes do grupo fizeram um protesto em frente ao Ministério da Saúde, na tarde de ontem. A principal bandeira era a veiculação da campanha voltada ao público LGBT em canais abertos, como a televisão e o rádio.
"Os homossexuais não estão confinados em uma boate gay. O programa brasileiro de combate à Aids é um dos maiores do mundo. Agora, está na hora de o próprio governo vencer o conservadorismo. Saúde pública não pode ser negociada em gabinete", defende o presidente do Estruturação, Michel Platini. (GC)
Colaborou Larissa Leite