O material entregue pela defesa do ex-presidente chamou a atenção dos investigadores por apresentar incorreções: dois comprovantes trazem datas que não existem — 31 de junho de 2014 e 31 de novembro de 2015. Outros seis recibos trazem erros de digitação. O nome da cidade onde fica o apartamento foi escrito como “São Bernanrdo”.

A perícia que será pedida pelo Ministério Público Federal poderá verificar a autenticidade dos documentos. Em casos como esse, peritos conseguem fazer exames para determinar se todos os recibos foram assinados no mesmo dia, por exemplo, ou se foram impressos pela mesma máquina.

A defesa do ex-presidente Lula apresentou os recibos na última segunda-feira após ser questionada pelo juiz Sergio Moro no interrogatório do petista, no início deste mês. Os advogados do petista sustentam que a exprimeira-dama Marisa Letícia pagou aluguéis pelo imóvel para Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula.

LULA DIZ QUE NÃO PEDIU COMPRA DE IMÓVEL

Em depoimento ao juiz Sergio Moro no dia 13 deste mês, o ex-presidente Lula negou ter sido favorecido pela Odebrecht com a compra do apartamento. Lula ainda fez ataques ao Ministério Público Federal.

— Eles inventaram que o tríplex (do Guarujá) era meu. Eles agora inventaram que o apartamento é meu e não é, e eles sabem disso. Como inventaram a história do sítio (de Atibaia) que é meu, e não é. Ou seja, três denúncias do MPF por ilação. Mas eu quero enfrentar o MPF, sobretudo a força-tarefa, para provar a minha inocência. Eu só espero que eles tenham a grandeza de um dia pedir desculpa — afirmou o ex-presidente no depoimento.

O ex-presidente Lula disse ainda que não pediu a ninguém a compra do apartamento vizinho ao seu em São Bernardo do Campo. Ele também negou ter participado do contrato de locação do imóvel e afirmou que o local era usado por seguranças e também para reuniões políticas.