O Estado de São Paulo, n. 45200, 19/07/2017. Política, p. A5.

 

‘Janela partidária’ será antecipada, diz deputado

Igor Gadelha

19/07/2017

 

 

GOVERNO SOB INVESTIGAÇÃO / Segundo Danilo Forte (PSB-CE), proposta da reforma política muda período para parlamentar trocar de legenda sem perder o mandato

 

 

Líderes da base aliada e da oposição fecharam um acordo para incluir na reforma política, que será votada no Congresso a partir de agosto, a antecipação do período em que os parlamentares podem trocar de partido sem o risco de perder o mandato. Atualmente, essa “janela” será em março de 2018. Pelo acordo, se aprovado no Congresso, seria antecipada para setembro ou outubro deste ano.

A informação foi dada ontem pelo deputado Danilo Forte (PSB-CE), logo após participar de reunião na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em Brasília. Além dele, estavam no encontro parlamentares do DEM, como Pauderney Avelino (AM), e do PSB, como a líder do partido na Câmara, deputada Tereza Cristina (MS). Ontem, uma tentativa de atrair dissidentes do PSB para o PMDB e para o DEM causou atrito entre o presidente Michel Temer e Maia.

Segundo Forte, há um “inconformismo” por parte de deputados da base e da oposição com as atuais legendas às quais estão filiados. “A reforma política vai antecipar para setembro ou outubro a ‘janela’. Há um inconformismo muito grande tanto em bancadas da base aliada quanto da oposição”, afirmou. Em 2008, uma decisão do Supremo Tribunal Federal estabeleceu que os parlamentares que mudassem de partido sem justificativa perderiam o mandato, que pertence à legenda. Em 2015, o Congresso aprovou uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que prevê duas “janelas” para a troca sem punição – uma em 2016 e a outra entre março e abril de 2018.

Deputados do PMDB, PSDB e de ao menos oito partidos do Centrão firmaram acordo para incluir também na reforma política o “distritão”, como mostrou ontem o Estado.

 

‘Distritão’. Pelo sistema do “distritão” são eleitos para o Legislativo apenas os mais bem votados em cada Estado. A medida é apontada por eles próprios como forma de assegurar a própria reeleição, já que são mais conhecidos por uma maior parcela do eleitorado pela participação em eleições anteriores. A reforma política será discutida em agosto. Para as regras terem validade nas eleições de 2018, terão de ser aprovadas até setembro deste ano.

 

‘Inconformismo’

“A reforma vai antecipar a ‘janela’. Há um inconformismo muito grande (de parlamentares com suas atuais legendas).”

Danilo Forte

DEPUTADO

(PSB-CE)

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No plenário, ao menos 3 votos podem mudar

Mariana Machado / Bernardo Gonzaga

19/07/2017

 

Ao menos três dos 66 deputados que integram a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara que participaram da votação de admissibilidade da denúncia contra o presidente Michel Temer não garantem manter o voto no plenário.

Os deputados Luiz Fernando Faria (PP-MG), Renata Abreu (Podemos-SP) e Edio Lopes (PR-RR) ainda não são votos certos em agosto. Faria e Lopes votaram contra a admissibilidade da denúncia e Renata votou a favor do relatório do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ).

Faria não quis se posicionar. “Ainda tem muita coisa para acontecer até o dia da votação”, disse. Já Renata montou uma votação popular no site de seu partido para que os próprios eleitores orientem sua decisão. A enquete online estará disponível até 2 de agosto, dia marcado para a votação no plenário da Câmara. Até o momento, 88% dos votos são pela admissibilidade da denúncia, mas, segundo a deputada, isso não garante o mesmo voto, já que, se a maioria mudar, o voto dela muda também.

A reportagem tentou contato com Lopes, mas a assessoria do deputado informou que ele está em viagem e indeciso sobre a manutenção de seu voto no plenário da Câmara.