PGR tem expectativa baixa com colaboração premiada de Léo Pinheiro

Murillo Camarotto

15/08/2017

 

 

O ex-presidente da OAS Léo Pinheiro deve se beneficiar pouco do acordo de colaboração premiada que a empreiteira negocia com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Apesar das boas chances da delação ser assinada nos próximos 30 dias, investigadores entendem que as informações mais relevantes que o executivo teria a apresentar estavam no telefone celular dele, que foi apreendido quando Pinheiro foi preso pela Polícia Federal (PF).

"Assim como o Marcelo Odebrecht, o Léo Pinheiro costumava anotar tudo no celular. Acho difícil que ele tenha algo bombástico a revelar", disse ao Valor uma fonte que participa das negociações com a OAS. O acordo da empreiteira baiana deve ser celebrado ainda no mandato de Rodrigo Janot, que deixa o comando da PGR no dia 17 de setembro.

Entre as dezenas de delatores estão os herdeiros da OAS, César Mata Pires e Antônio Carlos Mata Pires, além dos ex-executivos Alexandre Tourinho, Sérgio Pinheiro, Franklin Medeiros e Paulo Gordilho. Atualmente, os advogados da empresa e a PGR negociam a extensão das penas dos principais colaboradores.

Há uma grande expectativa de que os eles detalhem situações envolvendo integrantes do Judiciário. O tema, entretanto, é tratado com máxima cautela, já que as negociações do acordo da OAS acabaram sendo suspensas em agosto do ano passado, após o vazamento de informações de que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Antonio Dias Toffoli estaria entre os delatados.

Bastante próximo do mundo político, especialmente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Léo Pinheiro foi preso pela primeira vez em novembro de 2014, juntamente com altos dirigentes de empreiteiras. Condenado pelo federal juiz Sergio Moro a 16 anos de cadeia, recorria em liberdade até ser novamente preso em setembro do ano passado, desta vez pela Operação Greenfield, que investiga fraudes em fundos de pensão de estatais.

O depoimento de Léo Pinheiro contra Lula foi considerado decisivo para a condenação do ex-presidente a nove anos e meio de prisão. Ele garantiu a Moro que o apartamento tríplex do Guarujá estava reservado para Lula. Também afirmou ao juiz que o ex-presidente o teria orientado a destruir uma série de provas.

O advogado José Luís de Oliveira Lima, que representa Léo Pinheiro, preferiu não se manifestar. A assessoria de imprensa da OAS não havia se posicionado até o fechamento desta edição.

 
 
 
Valor econômico, v. 17, n. 4319, 15/08/2017. Brasil, p. A8.