Correio braziliense, n. 19744, 17/06/2017. Política, p. 3

 

Joesley presta depoimento à PF

17/06/2017

 

 

Empresário é ouvido no inquérito que investiga o presidente Michel Temer. Corporação concluirá investigação até segunda-feira

Depois de retornar ao Brasil no último domingo, se encontrar com representantes do Ministério Público Federal na segunda-feira e de se reunir com executivos do grupo J&F — controlador da JBS — na terça-feira, o empresário Joesley Batista prestou novo depoimento no inquérito em fase de conclusão pela Polícia Federal que investiga o presidente Michel Temer. A Polícia Federal deve concluir o caso até segunda-feira, por determinação do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).Em delação premiada, Joesley acusou Temer de receber propina da JBS. A partir da delação, foi aberto inquérito contra Temer para investigar crimes de corrupção, obstrução à Justiça e organização criminosa. Segundo interlocutores da Polícia Federal, Joesley reafirmou no depoimento os termos da colaboração fechada com o Ministério Público e homologada pelo STF. Após a conclusão do inquérito, a Procuradoria-Geral da República vai apresentar denúncia contra Temer. Como o prazo da PF se encerra na segunda-feira, Janot pode se manifestar até a outra segunda-feira, dia 26.Na última segunda-feira, Joesley prestou depoimento para a Procuradoria da República do DF no âmbito da Operação Bullish, que investiga o repasse de US$ 80 milhões aos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Relatoria
O plenário do Supremo decide na próxima quarta-feira se o ministro Edson Fachin deve ser o relator da delação do grupo J&F. Além disso, os 11 ministros também devem travar uma discussão mais ampla, sobre qual é o papel do relator diante da homologação de colaborações premiadas.O debate vai ser feito a partir de petições apresentadas pela defesa do governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB-MS), que questiona o fato de as petições e inquéritos terem sido encaminhados diretamente ao ministro, relator da Lava-Jato.A defesa sustenta que as delações dos empresários do Grupo J&F, do qual o frigorífico JBS faz parte, deveriam ter sido distribuídas por sorteio, sob a alegação de que o ministro tem a prevenção para ser o relator de ações relacionadas à Operação Lava-Jato, mas não aos novos casos trazidos com base no acordo de colaboração dos irmãos Joesley Batista, Wesley Batista e demais executivos do grupo.Caso o plenário decida que não há prevenção para Fachin, poderá ser determinada uma nova distribuição dos inquéritos, por sorteio. A possibilidade de as decisões tomadas até aqui no curso do inquérito serem revistas também será analisada pelos ministros. O inquérito contra o presidente Temer e o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) foi baseado nas delações dos empresários da J&F e estão sob a relatoria de Fachin, que já apontou acreditar que o caso tem conexão com a investigação da Lava-Jato. A investigação contra o senador afastado Aécio Neves, no entanto, foi redistribuída para o ministro Marco Aurélio Mello.