O globo, n.30735 , 30/09/2017. ECONOMIA, p.22

Retomada de exploração na Bacia de Campos vai beneficiar o Rio

RAMONA ORDOÑEZ

30/09/2017

 

 

Blocos de Petrobras/Exxon terão investimentos de R$ 570 milhões

 

A 14ª Rodada de leilões da Agência Nacional do Petróleo (ANP) proporcionou à Bacia de Campos, afetada pela queda na produção e sem oferta de novas áreas há dez anos, um momento de Fênix: foi alvo de forte disputa, com seis blocos arrematados pela Petrobras, em parceria com a gigante americana Exxon Mobil — que ainda levou outros dois sozinha. A exploração desses blocos significará uma importante injeção de recursos no país, principalmente na economia do Estado do Rio, que passa por uma grave crise financeira. Afinal, os seis blocos arrematados pelo consórcio Petrobras/ Exxon estão bem em frente ao litoral fluminense.

O secretário da Casa Civil e Desenvolvimento Econômico do Rio, Christino Áureo, destacou que o estado começará a ser beneficiado com a reativação de atividades de apoio

offshore (no mar). Os investimentos mínimos na fase exploratória inicial são estimados em R$ 634 milhões, nos oito blocos, durante os próximos sete anos. Os municípios de Macaé e São João da Barra, ressaltou o secretário, serão beneficiados pelo fato de já terem infraestrutura portuária.

— Os dois municípios já têm infraestrutura portuária, assim como Campos e outros do Norte Fluminense. O interesse da Petrobras e Exxon sinaliza o grande potencial na região — afirmou Áureo.

Estimativas da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) dão conta que, dos R$ 634 milhões de investimentos mínimos, R$ 570 milhões serão nos seis blocos do consórcio Petrobras/ Exxon, em frente ao litoral do estado. Os outros dois ficam um pouco mais acima.

‘IMPACTO RELEVANTE’

A expectativa da retomada da atividade da indústria petrolífera fluminense se deve ao fato de que, dos quatro poços previstos, três serão perfurados na área que fica em frente ao Estado do Rio. E essa é a fase em que há mais demanda por bens e serviços, como de levantamento e processamento geofísico; perfuração de poços, perfilagem, cimentação e completação de poços; estudos sísmicos; afretamento e operação de embarcações especiais (sondas e apoio marítimo).

A Firjan calcula que, com o compromisso de 18% de conteúdo local, no mínimo R$ 100 milhões poderão ser demandados para a economia fluminense. Segundo o diretor-geral da ANP, Décio Oddone, o potencial de abertura de vagas é grande: a contratação de uma sonda de perfuração gera mil empregos.

— Se eles descobrirem um campo no porte que esperam, haverá um impacto muito relevante na economia. E todo o apoio à indústria offshore fica entre Macaé e Porto do Açu. A região nordeste do Estado do Rio será beneficiada a curto prazo com a movimentação dos serviços de apoio às atividades exploratórias — observou Oddone.

Adriano Pires Rodrigues, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), destacou que os seis blocos têm elevado potencial, devido à vizinhança de três grandes campos gigantes: Marlim, Albacora e Roncador.

Karine Fragoso, gerente de Petróleo e Gás da Firjan, lembrou que os municípios que serão beneficiados no futuro com os royalties desses blocos são os mesmos que, nos últimos anos, amargaram forte queda na arrecadação:

— Dos quatro poços previstos, três serão aqui em frente ao Rio de Janeiro e vão demandar investimentos e reativar a encomenda de bens e serviços.