O globo, n.30734 , 29/09/2017. PAÍS, p. 5

PF indicia filhos de Jucá por corrupção e lavagem

Jailton de Carvalho

29/09/2017

 

 

Investigação aponta desvio de R$ 32 milhões da Caixa Econômica em projeto do Minha Casa Minha Vida

 A Polícia Federal indiciou ontem dois filhos e duas exenteadas do senador Romero Jucá (PMDB-RR) por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Os dois filhos, Rodrigo e Marina Jucá, e as duas ex-enteadas, Luciana e Ana Paula Surita, são acusados de envolvimento num desvio de R$ 32 milhões de recursos da Caixa Econômica Federal liberados para o Residencial Vila Jardim, um projeto do Minha Casa Minha Vida destinado à população de baixa renda de Boa Vista, em Roraima. Os valores desviados seriam suficientes para a construção de mais de 500 apartamentos iguais aos demais do projeto.

A PF também prendeu Frederico Macedo, marido de Luciana Surita, por posse ilegal de um fuzil de caça e uma pistola 765. As armas estavam na residência do casal, em Boa Vista. Marina, Luciana e Ana Paula foram levadas coercitivamente para prestar depoimento sobre as acusações. Rodrigo Jucá, que não foi localizado no início da operação, compareceu para depor na Superintendência da PF em São Paulo. Ao todo, a 4ª Vara da Justiça Federal de Roraima expediu nove mandados de busca e apreensão e oito de condução coercitiva na Operação Giges, em Boa Vista, Brasília e Belo Horizonte.

Entre os investigados estão também o empresário Elmo Teodoro Ribeiro, dono da CTM Engenharia, encarregada da execução das obras do Residencial Vila Jardim, e funcionários da Caixa suspeitos de fraudes na fiscalização. Segundo a PF, o grupo teria se apropriado de R$ 32 milhões dos R$ 185 milhões reservados ao projeto de construção de casas populares.

Os desvios teriam começado na venda de uma gleba da fazenda Recreio, que está em nome dos filhos e ex-enteados de Jucá. O terreno, avaliado em R$ 3,5 milhões, teria sido vendido por até R$ 7 milhões. No momento seguinte, a suposta organização criminosa teria superfaturado o projeto para obter um financiamento bem superior aos valores que, de fato, seriam gastos nas obras.

Em nota, Jucá negou qualquer irregularidade, disse que não existem provas e que ele e a família não “temem investigação”.