O Estado de São Paulo, n. 45200, 19/07/2017. Economia, p. A7.

 

Verba da Lava Jato faz Raquel indagar Janot

 

Rafael Moraes Moura / Breno Pires

19/07/2017

 

 

Nova procuradora-geral questiona atual chefe da PGR sobre redução orçamentária na força-tarefa

 

 

A nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, questionou o atual chefe da Procuradoria, Rodrigo Janot, sobre redução na verba destinada à Lava Jato em Curitiba. Segundo Raquel, a força-tarefa solicitou R$ 1,65 milhão, mas a proposta orçamentária foi de R$ 522,6 mil. A PGR negou que houve redução.

“Qual a razão dessa redução para a FT Lava Jato? Qual o valor programado para a força-tarefa em 2017?”, questionou a futura procuradora-geral da República em ofício encaminhado na semana passada a Janot. Raquel fez uma lista de 40 perguntas sobre a proposta orçamentária para 2018, que será tema de reunião do Conselho Superior do Ministério Público Federal marcada para terça-feira. A sucessora de Janot pediu que as respostas fossem enviadas até hoje.

Raquel também pediu esclarecimentos sobre despesas primárias e financeiras do Ministério Público Federal (MPF), o valor desembolsado com auxílio-moradia e o impacto orçamentário com diárias e passagens.

Na noite de ontem, a PGR divulgou nota em que afirmou não ter havido “qualquer redução” nos valores destinados à atuação da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

“O critério estabelecido para alocação do novo referencial, tratando-se de valores estimativos, leva em conta o valor da proposta de 2017, acrescido de 4,19%”, disse a PGR na nota.

 

Previsão. Segundo o órgão, o valor previsto para o ano que vem poderá ser incrementado com “alocação de recursos extraordinários, remanejados do próprio MPF, a depender da necessidade apresentada pela força-tarefa”.

“No exercício atual, por exemplo, a administração do MPF já reforçou os valores da Lava Jato em Curitiba, a partir dos recursos da reserva técnica, em aproximadamente R$ 500 mil”, informou a nota.

De acordo com a PGR, a atual administração considera a Lava Jato “prioridade”, tornando disponíveis os recursos necessários aos grupos que atuam nas investigações em Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Raquel foi sabatinada pelo Senado na semana passada e sua nomeação pelo presidente Michel Temer foi publicada em decreto no Diário Oficial da União do dia 13 deste mês. Ela vai assumir o cargo em 18 de setembro.