Título: Argentina quer reduzir deficit
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Fonte: Correio Braziliense, 14/02/2012, Economia, p. 11

Em uma tentativa de impulsionar as exportações de seu país, o embaixador argentino no Brasil, Luís Maria Kreckler, afirmou ontem que a sua principal missão é reduzir o deficit comercial da Argentina com o Brasil. Em reunião com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, na sede da entidade, em São Paulo, Kreckler disse que há uma meta, mas defendeu que o Brasil importe mais itens argentinos. "Estamos fazendo um trabalho conjunto, estudando como vender mais ao Brasil", ressaltou.

Skaf observou que os dois países estão fazendo um levantamento sobre quais produtos a Argentina tem condições de enviar ao Brasil de forma competitiva. "O caminho não é o Brasil vender menos, mas comprar mais", considerou. A balança comercial da Argentina com relação ao Brasil registra deficits crescentes. O Brasil, por sua vez, registra superavit comercial com o país vizinho desde 2005. No ano passado, o saldo foi de US$ 5,8 bilhões. A Fiesp planeja um encontro entre os países-membros do Mercosul em abril, a fim de discutir uma expansão de investimentos comerciais entre as nações que "prestigie o bloco".

Na visita, Kreckler disse que o governo argentino não pretende rever a exigência de declaração juramentada — que obriga os importadores do país a pedir a aprovação, que pode levar mais de 10 dias, para adquirir bens de consumo estrangeiros. Ele ressaltou, porém, que, após um período inicial de implementação, o governo estuda liberar as declarações automaticamente.

Na visão dos empresários brasileiros, a barreira, imposta desde 1º de fevereiro, dificultará ainda mais a liberação de produtos nas fronteiras da Argentina. O embaixador argumentou, porém, que as medidas não são dirigidas exclusivamente ao comércio brasileiro. "Elas são uma forma de melhorar a coordenação entre os órgãos de administração pública federal da Argentina, de colocar mais ordem entre os importadores", explicou.