MARIA LIMA
Dois dias depois de acertar obras para seu estado em reunião com o presidente Michel Temer e ministros, no Palácio do Jaburu, o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) anunciou ontem que a CPMI da JBS irá fazer uma devassa nos termos da delação premiada da J&F com a ProcuradoriaGeral da República. Os governistas esperam usar a CPMI como trincheira para derrubar a delação de Joesley Batista.
— É muito complicado. O PMDB é o maior partido do Congresso e teria direito a indicar o relator. Estou buscando um acordo, mas não vou comprar encrenca com o maior partido do Congresso — disse o tucano Ataídes Oliveira.
Diante da resistência de membros da CPI mista ao nome do deputado Carlos Marun (PMDB-MS), da tropa de choque governista, para ocupar a relatoria, Ataídes disse que tem outros dois nomes cotados, Delegado Francischini (SD-PR) e Hugo Leal (PSB-RJ). Ataídes, porém, defende a indicação de Marun, com o apoio do Planalto.
No encontro do último sábado com Temer e os ministros Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Henrique Meirelles (Fazenda), o presidente da CPMI disse que acertaram a duplicacão da BR-153 no Tocantins e a construção de uma ponte ligando o estado ao Pará. Ele sustentou que o tema da CPMI não foi discutido na reunião.
Questionado se não via conflito em se reunir com a cúpula do governo, sendo o presidente da CPMI que vai investigar uma delação da JBS, Ataídes respondeu:
— Não vejo absolutamente nada de errado nesse encontro. Recebi o convite do ministro Imbassahy, sou parlamentar aqui para trabalhar pelo Brasil e pelo meu querido Tocantins, uma oportunidade dessas, eu jamais deixaria de ir — disse Ataídes.
O presidente da CPI disse que já tem requerimentos protocolados convocando para depor os irmãos Batista, Ricardo Saud, Janot, o ex-subprocurador Marcello Miller e os ex-presidentes do BNDES Luciano Coutinho e Demian Fioca, para explicarem os termos da delação e empréstimos subsidiados ao grupo J&F nos últimos anos.