O Estado de São Paulo, n. 45206, 25/07/2017. Política, p.A8

 

 

 

Lula defende fundo para financiar eleições

EX-PRESIDENTE SENTENCIADO / Ex-presidente diz que ‘Brasil não vai ter jeito’ se políticos não tiverem coragem de mudar a legislação; petista afirma que MP inventou ‘propina’

Por: Elisa Clavery

 

Elisa Clavery

 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem a criação do fundo público eleitoral, em discussão na Câmara. “Se os políticos não tiverem coragem de mudar a legislação eleitoral, de criar um fundo de financiamento de campanha para que não fiquem mais dependentes de empresário, o Brasil não vai ter jeito”, afirmou.

Na proposta apresentada pelo relator da reforma política na Câmara, deputado Vicente Cândido (PT-SP), o valor do fundo em 2018 deve ser vinculado à receita corrente líquida dos 12 meses encerrados em junho do ano anterior. Pelas contas dos consultores da Casa, o montante ficaria em torno de R$ 3,65 bilhões para financiar as campanhas. Em 2015, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a inconstitucionalidade do financiamento de pessoas jurídicas a partidos e candidatos.

Na entrevista à Rádio Tiradentes do Amazonas, transmitida ao vivo pela página do Facebook do petista, Lula também disse que a palavra “propina” foi “inventada” por empresários e pelo Ministério Público para “tentarem culpar os políticos”. Segundo o ex-presidente, todos os políticos, “desde que foi proclamada a República”, sempre usaram doações empresariais nas campanhas.

“A palavra propina foi inventada pelos empresários para tentar culpar os políticos. Ou pelo Ministério Público. Por tudo o que leio na imprensa, todas as campanhas do Brasil sempre foram feitas (com financiamento de empresas)”, afirmou. “A diferença é que agora transformaram as doações em propina, então tudo ficou criminoso.”

Sem falar diretamente em caixa 2, Lula disse que não seria

culpado o candidato que teve aprovadas as contas sobre doações empresariais prestadas à Justiça Eleitoral.

“Quando o empresário deu o dinheiro, certamente ele não disse ‘vou te dar o dinheiro, mas é propina’. Se ele avisasse e o candidato aceitasse, deveriam ser preso o empresário e o candidato”, afirmou o ex-presidente, que questionou: “Se ele (empresário) deu dinheiro, o candidato colocou na prestação de conta e a Justiça Eleitoral aprovou, que culpa tem esse candidato?”

2.ª instância. Condenado a 9 anos e 6 meses de prisão pelo juiz federal Sérgio Moro e com seus bens bloqueados a pedido do magistrado, Lula afirmou que vai recorrer das decisões em segunda instância. “Vamos ver se desmontamos isso”, disse.

O ex-presidente ainda voltou a negar que soubesse de casos de corrupção no PT. “Tem muitas coisas que acontecem dentro da sua casa, na sala do lado do seu trabalho, e você não sabe. Você não é obrigado a saber.”

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem a criação do fundo público eleitoral, em discussão na Câmara. “Se os políticos não tiverem coragem de mudar a legislação eleitoral, de criar um fundo de financiamento de campanha para que não fiquem mais dependentes de empresário, o Brasil não vai ter jeito”, afirmou.

Na proposta apresentada pelo relator da reforma política na Câmara, deputado Vicente Cândido (PT-SP), o valor do fundo em 2018 deve ser vinculado à receita corrente líquida dos 12 meses encerrados em junho do ano anterior. Pelas contas dos consultores da Casa, o montante ficaria em torno de R$ 3,65 bilhões para financiar as campanhas. Em 2015, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a inconstitucionalidade do financiamento de pessoas jurídicas a partidos e candidatos.

Na entrevista à Rádio Tiradentes do Amazonas, transmitida ao vivo pela página do Facebook do petista, Lula também disse que a palavra “propina” foi “inventada” por empresários e pelo Ministério Público para “tentarem culpar os políticos”. Segundo o ex-presidente, todos os políticos, “desde que foi proclamada a República”, sempre usaram doações empresariais nas campanhas.

“A palavra propina foi inventada pelos empresários para tentar culpar os políticos. Ou pelo Ministério Público. Por tudo o que leio na imprensa, todas as campanhas do Brasil sempre foram feitas (com financiamento de empresas)”, afirmou. “A diferença é que agora transformaram as doações em propina, então tudo ficou criminoso.”

Sem falar diretamente em caixa 2, Lula disse que não seria

culpado o candidato que teve aprovadas as contas sobre doações empresariais prestadas à Justiça Eleitoral.

“Quando o empresário deu o dinheiro, certamente ele não disse ‘vou te dar o dinheiro, mas é propina’. Se ele avisasse e o candidato aceitasse, deveriam ser preso o empresário e o candidato”, afirmou o ex-presidente, que questionou: “Se ele (empresário) deu dinheiro, o candidato colocou na prestação de conta e a Justiça Eleitoral aprovou, que culpa tem esse candidato?”

2.ª instância. Condenado a 9 anos e 6 meses de prisão pelo juiz federal Sérgio Moro e com seus bens bloqueados a pedido do magistrado, Lula afirmou que vai recorrer das decisões em segunda instância. “Vamos ver se desmontamos isso”, disse.

O ex-presidente ainda voltou a negar que soubesse de casos de corrupção no PT. “Tem muitas coisas que acontecem dentro da sua casa, na sala do lado do seu trabalho, e você não sabe. Você não é obrigado a saber.”

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem a criação do fundo público eleitoral, em discussão na Câmara. “Se os políticos não tiverem coragem de mudar a legislação eleitoral, de criar um fundo de financiamento de campanha para que não fiquem mais dependentes de empresário, o Brasil não vai ter jeito”, afirmou.

Na proposta apresentada pelo relator da reforma política na Câmara, deputado Vicente Cândido (PT-SP), o valor do fundo em 2018 deve ser vinculado à receita corrente líquida dos 12 meses encerrados em junho do ano anterior. Pelas contas dos consultores da Casa, o montante ficaria em torno de R$ 3,65 bilhões para financiar as campanhas. Em 2015, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a inconstitucionalidade do financiamento de pessoas jurídicas a partidos e candidatos.

Na entrevista à Rádio Tiradentes do Amazonas, transmitida ao vivo pela página do Facebook do petista, Lula também disse que a palavra “propina” foi “inventada” por empresários e pelo Ministério Público para “tentarem culpar os políticos”. Segundo o ex-presidente, todos os políticos, “desde que foi proclamada a República”, sempre usaram doações empresariais nas campanhas.

“A palavra propina foi inventada pelos empresários para tentar culpar os políticos. Ou pelo Ministério Público. Por tudo o que leio na imprensa, todas as campanhas do Brasil sempre foram feitas (com financiamento de empresas)”, afirmou. “A diferença é que agora transformaram as doações em propina, então tudo ficou criminoso.”

Sem falar diretamente em caixa 2, Lula disse que não seria culpado o candidato que teve aprovadas as contas sobre doações empresariais prestadas à Justiça Eleitoral.

“Quando o empresário deu o dinheiro, certamente ele não disse ‘vou te dar o dinheiro, mas é propina’. Se ele avisasse e o candidato aceitasse, deveriam ser preso o empresário e o candidato”, afirmou o ex-presidente, que questionou: “Se ele (empresário) deu dinheiro, o candidato colocou na prestação de conta e a Justiça Eleitoral aprovou, que culpa tem esse candidato?”

 

2.ª instância. Condenado a 9 anos e 6 meses de prisão pelo juiz federal Sérgio Moro e com seus bens bloqueados a pedido do magistrado, Lula afirmou que vai recorrer das decisões em segunda instância. “Vamos ver se desmontamos isso”, disse.

O ex-presidente ainda voltou a negar que soubesse de casos de corrupção no PT. “Tem muitas coisas que acontecem dentro da sua casa, na sala do lado do seu trabalho, e você não sabe. Você não é obrigado a saber.”

 

Decisão. Em entrevista à Rádio Tiradentes do Amazonas, Lula afirmou que vai recorrer de condenação

 

‘Triste’

Na entrevista à Rádio Tiradentes do Amazonas, Lula ainda disse que “foi triste ver tantos amigos da Dilma” votarem pelo impeachment, o que chamou de um “erro histórico” com o País.

 

 

 

 

O discurso da vanguarda do atraso

Por: João Domingos

 

ANÁLISE : João Domingos

 

Mesmo desgastado pelas denúncias que o envolvem em suposto tráfico de influência e recebimento de propinas, além da condenação a 9 anos e 6 meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda tem uma legião de seguidores. Essa legião costuma acreditar em tudo o que petista diz.

Sabendo-se detentor de um poder de comunicação que ainda o diferencia, Lula vem sistematicamente falando coisas que, em vez de ajudar uma parte da sociedade a evoluir, tem efeito contrário. Ao defender a criação de um fundo para o financiamento das campanhas eleitorais em entrevista à Rádio Tiradentes, Lula afirmou que foram os empresários e o Ministério Público que transformaram as doações de campanha em propina, uma forma de comprometer os políticos com o esquema de corrupção no País.

O financiamento público de campanha sempre foi uma bandeira do PT e do próprio Lula. Mas o PT e Lula, em vez de lutar de fato pela aprovação da medida, optaram por também buscar o dinheiro de suas campanhas no meio empresarial. Até com mais gana do que outros políticos.

Ele poderia ter dito na entrevista – e não estaria faltando com a verdade – que o financiamento público de campanha é uma reivindicação histórica do PT. Preferiu, no entanto, justificar o envolvimento dele próprio e do PT nas suspeitas de irregularidades dizendo que foram os empresários e o MP que transformaram as doações em propina.

Como Lula tem a sua legião de seguidores, e essa legião é alienada, ou por falta de conhecimento ou por oportunismo, o que o ex-presidente vem falando distorce a História. De forma nenhuma ajuda o País a sair do atraso.