Correio braziliense, n. 19752, 25/06/2017. Economia, p. 11

 

Para evitar perdas com imprevistos

Hamilton Ferrari 

25/06/2017

 

 

SEU BOLSO - Ainda pouco valorizados no Brasil, seguros fazem parte da educação financeira

Proteger para evitar que algo de ruim aconteça à família, a um imóvel recém-comprado ou até ao smartphone parece natural. Mas, como nem todos os acontecimentos estão sob o controle humano e é impossível prever o que pode ocorrer no futuro, a contratação de seguros específicos pode ser uma boa forma de garantir bem-estar e evitar prejuízos.

Especialistas como Vitor Hernandez, um dos idealizadores do site Jornada do Dinheiro, consideram a contratação de seguros uma forma de educação financeira. As pessoas organizam o orçamento para evitar danos maiores no futuro. “O mercado de seguros ainda é pouco valorizado pelos brasileiros, mas alguns convênios podem impedir que um acontecimento destrua a vida financeira da pessoa”, destaca.

Reinaldo Domingos, criador do blog Dinheiro à Vista, explica que é preciso tomar medidas de segurança em algumas áreas. A decisão precisa ser da família de acordo com as prioridades. “Há quem dê mais importância à educação e faz um seguro escolar, há quem priorize a saúde e contrata um plano para a família e há aquele que se preocupa com viagens, e faz um plano de saúde para o período. É preciso ponderar o que é mais adequado e encaixar no orçamento”, declara.

Há seguros para vários objetivos. Um deles é o de vida, uma proteção financeira feita para os familiares ou pessoas dependentes. Em casas onde só uma pessoa tem emprego, o plano de vida se torna essencial. O seguro dá condições para que a família se reestruture e busque novas fontes de renda. A Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) sugere que o ideal é fazer um seguro capaz de cobrir despesas da família nos dois primeiros anos após a morte do titular.

Especialistas afirmam que o convênio é importante para quem tem uma família constituída e não acumulou um patrimônio financeiro para se manter em caso de imprevistos. A contratação de seguros de vida cresceu 4,5% em 2016, em comparação com 2015, e movimentou mais de R$ 31 bilhões, segundo a FenaPrevi.

A técnica em enfermagem Lúcia Adriana Pinho, 46 anos, optou por ter um seguro de vida para cobrir eventuais fatalidades. Adquiriu a primeira apólice porque era obrigatório para o estágio na sua área de atuação. Encerrado o estágio, decidiu manter o seguro. “Preferi manter, porque nunca se sabe o que pode acontecer. Posso adoecer ou sofrer um acidente e nós precisamos pensar no futuro de quem ficar”, destaca. Segundo Lúcia, o pagamento mensal não é algo que pesa muito no orçamento.

Mas se fazer seguro de vida, é uma garantia de que a família ficará assistida em caso de morte do titular, uma outra modalidade, o resgatável, divide o dinheiro pago mensalmente em duas partes: uma para resgate em caso de alguma fatalidade e outra para saque em vida. De acordo com Hernandez, o plano funciona como uma previdência, no qual o consumidor deposita um valor todo mês e poderá resgatar parte no futuro. “Alguns desses seguros também incluem acidentes de morte, invalidez total ou parcial, doenças graves, leito em hospital e outros aspectos que o contratante julgar importante, pensando no histórico familiar”, explica.

Em primeiro lugar

Outro seguro considerado essencial pelos especialistas é o de saúde. Imprevistos com o corpo humano acontecem e não têm data marcada. Pode ser uma doença, uma fratura, um exame de última hora ou uma consulta de rotina. Ter um plano que tenha um bom atendimento e uma rede de hospitais é o indicado. “Se a pessoa tem condições, deve fazer um plano de saúde. Precisa pensar que é para cobrir possíveis doenças, consultas e exames em clínicas, além de laboratórios”, avalia Domingos. Além disso, a saúde privada tem custo muito alto para algumas famílias bancarem do próprio bolso.

Para José Cechin, diretor-executivo da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde),  o valor alto é questão de ponto de vista. “Pode ser caro para uma família de baixa ou média renda, mas tem um valor muito abaixo do que oferece, como próteses, atendimento a doenças graves e cirurgia de coluna, por exemplo.”

E o seguro de saúde vale a pena nem que seja por poucos dias, como em uma viagem. “Em voos internacionais, é fundamental ter um contrato de assistência médica. Esses gastos custam uma fortuna no exterior. Não tem como viajar sem”, diz Cechin.

Para Domingos, o consumidor precisa adequar a contratação ao orçamento e à necessidade da família. “O seguro precisa ter uma função. Portanto, comprar plano para tudo não é a solução”, destaca. O importante é pensar no melhor custo-benefício e no que realmente a pessoa vai precisar. É preciso avaliar o que poderia causar um grande dano financeiro para a família se algo acontecesse.

O consumidor precisa ficar  atento, ainda às coberturas que cada seguro oferece para não contratar algo desnecessário. É essencial ver as cláusulas que podem gerar rompimento de contrato para não ficar desassistido.

*Estagiário sob supervisão e Rozane Oliveira