O Estado de São Paulo, n.45207, 26/07/2017. Política, p.A7

 

MST invade fazendas de Blairo e coronel

Movimento faz atos ‘contra a corrupção’; imóvel de Ricardo Teixeira também é alvo

Por: José Maria Tomazela / Marcio Dolzan

 

José Maria Tomazela

SOROCABA

Marcio Dolzan

ENVIADO ESPECIAL/PIRAÍ (RJ)

 

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiu ontem fazendas pertencentes ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi, ao ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Ricardo Teixeira e ao amigo do presidente Michel Temer João Baptista Lima Filho, em Mato Grosso, Rio e São Paulo, respectivamente.

Também foram invadidas uma fazenda do presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira, no Piauí, uma propriedade rural no Paraná e a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Sergipe. Grupos de sem-terra bloquearam ainda o acesso à base de lançamento de foguetes em Alcântara, no Maranhão.

Com o lema “Corruptos, devolvam nossas terras!”, a ação, organizada desde a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mobilizou 5 mil militantes em sete Estados. “Também nos posicionamos pelo afastamento imediato de Michel Temer, acusado formalmente de corrupção pela Procuradoria-Geral da República”, disse o dirigente nacional do MST Alexandre Conceição.

A Fazenda Esmeralda, do coronel da reserva João Baptista Lima Filho, em Duartina (SP), que foi assessor de Temer entre 1980 e 1990, já havia sido invadida pelo movimento em 2016. Ontem, de acordo com a Polícia Militar, cerca de 500 sem-terra invadiram a propriedade.

O MST alega que a propriedade, de 1.994 hectares, tem o presidente como sócio oculto. Segundo a assessoria do presidente, Temer não é dono de nenhuma propriedade rural. Em cartório, as terras estão em nome de Lima e de sua empresa, a construtora Argeplan.

Em junho, documentos apreendidos na Argeplan pela Polícia Federal na Operação Patmos, desdobramento da Lava Jato, reforçaram a ligação entre Lima e o presidente, como registros de reformas feitas em imóveis de familiares de Temer. O advogado Sylvio Carloni, que representa Lima, disse ter pedido o cumprimento de interdito proibitório, já dado pela Justiça, que impede nova ocupação da fazenda.

A Fazenda SM02-B, em Rondonópolis (MT), do Grupo Amaggi, cujo fundador é Blairo Maggi, foi invadida por 800 integrantes do MST, segundo a PM. Os manifestantes disseram que ficarão em vigília até 2 de agosto, quando a denúncia contra Temer será votada na Câmara. A Amaggi, em nota, afirmou buscar “os meios legais para restabelecer a ordem”.

Na Fazenda Santa Rosa, em Piraí (RJ), os integrantes do MST lembraram acusações de corrupção contra Ricardo Teixeira para justificar a invasão. O ex-presidente da CBF teve a prisão decretada na Espanha por lavagem de dinheiro e foi indiciado pelo mesmo crime nos Estados Unidos. Segundo o MST, 300 famílias participaram do ato. O administrador avisou que ninguém iria comentar a invasão.