Título: Ministro diz ser o remador
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 15/02/2012, Economia, p. 10

Apesar do intenso tiroteio da oposição e de já ter conversado com a presidente Dilma Rousseff sobre a sua possível saída do governo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez questão de ressaltar ontem que continua firme em suas funções. Ao ser questionado pelo Correio se continuará no comando da equipe econômica, ele afirmou: "Vou, sim, continuar remando (a economia) como tenho remado já há seis anos". E emendou: "Temos o desafio de remar contra a corrente enquanto o mundo inteiro está desacelerando, inclusive os países emergentes". Ele destacou ainda "serem piadas de mau gosto" as notícias sobre seu pedido de demissão.

Na avaliação de Mantega, a China, principal parceiro comercial do país, terá incremento menor em 2012 do que em 2011 e o mesmo ocorrerá com a Índia. O Brasil, no entanto, dará um salto maior neste ano do que em 2011. "Vamos perseguir um aumento de 4,5% para o PIB (Produto Interno Bruto)", ressaltou. Para o ministro, esse resultado é perfeitamente factível. "Antes, tínhamos dito que, se a crise fosse solucionada, o crescimento seria de 5%. Mas, se a crise persistir, o resultado será de 4%. Decidimos que 4,5% seja uma margem adequada para perseguirmos em 2012", destacou.

Investimentos Para Mantega, o Brasil tem hoje uma vantagem em relação à maioria dos países que sofrem com a crise proveniente da Europa. "Temos um mercado interno forte e que será estimulado, sobretudo, pelo aumento do emprego. Além disso, o crescimento de 4,5% que nós queremos alcançar em 2012 significa, sobretudo, que o mercado de trabalho continuará crescendo na mesma magnitude que cresceu no ano passado e nos anos anteriores", disse. Pelas suas contas, a economia brasileira será capaz de criar, neste ano, pelo menos 2,5 milhões de vagas com carteira assinada. Isso ajudará a manter a renda em alta e a incrementar a massa salarial, tudo que joga a favor do consumo (leia mais na página 11).

O avanço maior da economia neste ano, segundo o ministro, virá acompanhado do cumprimento da meta cheia de superavit primário (economia para o pagamento de juros da dívida) de 3,1% do PIB, o equivalente a R$ 140 bilhões e do incremento dos investimentos produtivos, fundamentais para manter a inflação próxima do centro da meta perseguida pelo Banco Central, de 4,5%. (RH)