Título: Oposição pede ao MP que investigue Mantega
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 15/02/2012, Economia, p. 10

Meta é apurar denúncias de corrupção na Casa da Moeda. Chefe da Fazenda deve ir ao Congresso depois do carnaval

Líderes da oposição no Senado protocolaram ontem uma representação no Ministério Público pedindo a apuração de possível "omissão" do ministro da Fazenda, Guido Mantega, diante de denúncias de corrupção na Casa da Moeda. Os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO), Álvaro Dias (PSDB-PR) e Randolph Rodrigues (PSOL-AP) assinaram um termo que pede ao MP que investigue se houve indício de improbidade administrativa de Mantega ao não demitir Luiz Felipe Denucci da presidência da estatal, mesmo após receber denúncias contra o auxiliar. O senador Pedro Taques (PDT-MT), da base governista, também assinou a representação.

"Estamos pedindo para investigar se houve omissão do ministro em não demitir o presidente da Casa da Moeda", disse Demóstenes Torres. "Ao tomar conhecimento dos problemas, o ministro não tomou as devidas providências. Pedimos que o Ministério Público o processe por improbidade", acrescentou. Denucci, que foi demitido há duas semanas, é acusado, segundo a Folha de S. Paulo, de receber US$ 25 milhões de fornecedores da estatal em contas em paraísos fiscais, mas ele nega.

Além da representação dos senadores no MP, há requerimentos da oposição para que Mantega preste esclarecimentos tanto na Câmara quanto no Senado. As convocações estão prontas para serem votadas, mas a base aliada foi acionada pelo Palácio do Planalto para barrar qualquer tentativa de constranger o ministro. Ontem, a audiência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que votaria os pedidos de Álvaro Dias, foi adiada por falta de quórum. O mesmo ocorreu, na semana passada, na Comissão Mista de Orçamento.

Silêncio O ministro evitou falar sobre o assunto ontem ao sair de reunião do Conselho Político no Planalto. Mas a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvati, garantiu que ele comparecerá ao Congresso "quando for necessário" e isso deverá ocorrer depois do carnaval. O presidente da CAE, Delcídio Amaral (PT-MS), afirmou que Mantega deverá ir ao Senado em março. A situação de Mantega se complicou devido à demora para explicar a razão da demissão de Denucci. Ele só falou depois de receber uma reprimenda da presidente Dilma Rousseff. Mesmo assim, criou mais problemas para o governo ao jogar no colo do PTB, partido da base aliada, a responsabilidade pela nomeação do ex-presidente da Casa da Moeda. Os líderes da legenda alegam que só endossaram o nome apresentado pelo próprio ministro.

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