O globo, n.30725 , 20/09/2017. MUNDO, p.27

Temer prioriza temas econômicos em reuniões bilaterais em Nova York

 

 

Israel e Egito teriam interesse em investir; Palestina pediu apoio à paz

 

-NOVA YORK- Demonstrando confiança e com um tom otimista, o presidente Michel Temer focou sua atuação em Nova York em temas econômicos. Quando questionado sobre as reuniões bilaterais que teve com líderes de Palestina, Egito e Israel, ontem, em eventos paralelos à Assembleia Geral da ONU, disse que há interesse em investir no Brasil.

Segundo o Itamaraty, Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, propôs a Temer parcerias na área de segurança cibernética — o país domina 20% do comércio global do segmento — no desenvolvimento de carros autônomos e de softwares para a indústria automobilística. Ele também teria defendido o interesse de joint ventures de empresas das duas nações.

Temer, por sua vez, apresentou os planos de investimento e privatização de seu governo. Houve ainda troca de convites para viagens oficiais. Netanyahu disse que poderá ir ao Brasil em abril de 2018, após um evento no Peru. Temer lembrou a força da comunidade judaica em São Paulo, e o israelense defendeu a retomada de voos entre os dois países.

Já o Egito estaria tentando impulsionar o comércio com o Brasil e com o Mercosul, após o acordo firmado entre o país e o bloco, segundo informaram fontes do governo brasileiro. A nação, que importa muito alimento, quer ser o portal do Mercosul para a África e para o Mundo Árabe, informou a Temer Abdel Fattah el-Sisi, presidente do país.

A reunião bilateral com a Palestina foi a mais política, devido à grave situação econômica da região. Mohamed Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina, apenas solicitou o apoio de Temer nas complicadas negociações de paz.

A mais importante reunião bilateral deve ocorrer hoje, com o Irã. O país tem muito interesse em comprar produtos brasileiros, inclusive de alto valor agregado como aviões, mas esbarra no problema de financiamento, uma vez que os títulos iranianos continuam sofrendo com o embargo americano. Assim, o maior pleito deverá ser abrir com bancos privados brasileiros o acesso a linhas e crédito. Mas instituições bancárias com negócios e sucursais nos EUA temem sofrer com a regulamentação do setor, ainda mais agora com o endurecimento do discurso contra o país e o acordo nuclear firmado na gestão de Obama.

Em entrevista coletiva para falar sobre as reuniões, no entanto, Temer não respondeu a nenhuma pergunta da imprensa e fez apenas uma declaração de 40 segundos. (H.G.B)