Título: Recessão aprofundada
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Fonte: Correio Braziliense, 15/02/2012, Economia, p. 13

Atenas e Lisboa — A recessão se aprofundou em duas das mais debilitadas economias da Zona do Euro, principais candidatas a ter que deixar a união monetária por causa de desequilíbrios fiscais e financeiros. Na Grécia, que acaba de aprovar um pacote de austeridade para se habilitar a mais uma ajuda da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 7% no último trimestre do ano passado, após um declínio de 5% nos três meses anteriores. No ano, a queda foi de 6,8%.

O tamanho do baque vai dificultar o cumprimento de metas de arrecadação para reduzir o buraco no orçamento grego. O país está no quinto ano seguido de recessão. Em valores atuais, o PIB (montante da riqueza gerada) da Grécia declinou para 215 bilhões de euros (R$ 488 bilhões) no ano passado. Tomando por base projeções recentes, as autoridades esperam um recuo de 4% a 5% em 2012 e 2013.

Em Portugal, que também adotou medidas de controle nos gastos, a retração foi de 1,3% entre outubro e dezembro e de 1,5% no resultado anual. O plano de ajuste fiscal prejudica o consumo e os investimentos produtivos, o que torna mais penoso o caminho da retomada. "A redução mais acentuada do PIB no quarto trimestre de 2011 traduziu um significativo agravamento da contribuição negativa do consumo interno, associado particularmente às diminuições mais expressivas do investimento e das despesas de consumo final das famílias", destacou o Instituto Nacional de Estatísticas português.

Pressa O governo grego se apressou ontem para aprovar outro corte de 325 milhões de euros (R$ 737 milhões) no orçamento para satisfazer os ministros das Finanças da Zona do Euro, que estudam a aprovação de um pacote de resgate para salvar o país de um calote feito de forma atabalhoada. Pressionados pelos outros governos europeus e pela forte revolta interna, líderes políticos devem produzir compromissos por escrito para aderir aos termos do resgate de 130 bilhões de euros (R$ 295 bilhões) antes do encontro dos ministros hoje.