Em rádio de Collor, Lula diz que desafia Ministério Público

Marina Falcão

25/08/2017

 

 

Depois de dividir palanque com Renan Calheiros (PMDB) na passagem por Alagoas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acenou para o PSB ao fazer uma visita à viúva do ex-governador Eduardo Campos, Renata Campos, no Recife. Apesar da resistência por parte do PT local, Lula almeja reeditar uma coligação com o maior número de partido de esquerda possível para as eleições de 2018.

Mais cedo, em entrevista à rádio "Gazeta" de Maceió, que pertence ao senador Fernando Collor (PTC-AL), Lula disse que não existe aliança unânime e que quem disser que não vai fazer alianças está mentindo. "Precisa construir uma maioria que te dê votos e depois para governar", afirmou. Ele defendeu o regime presidencialista e disse que "não existe semiparlamentarista ou sempresidencialista no governo, pois não existe governo", em crítica ao presidente Michel Temer.

O encontro entre Lula e Renata foi confirmado ao Valor pelo vice-presidente do PT, Márcio Macêdo (PT-SE), durante visita ao museu Cais do Sertão, no Recife, na tarde de ontem. Segundo Macêdo, a visita de Lula à Renata é uma "agenda pessoal e não política" do ex-presidente, que tem "muita consideração" pela viúva e ficou muito sensibilizado com o apoio que recebeu dela quando sua esposa, Marisa Letícia, faleceu esse ano.

O gesto de Lula ao PSB não agrada o PT local, que tenta se recuperar de um processo de enfraquecimento fazendo forte oposição ao governador de Paulo Câmara (PSB) e do prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB). No sábado, Lula irá a João Pessoa, onde se encontra com o governador Ricardo Coutinho (PSB), que sempre se manteve próximo ao PT e não apoiou o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), apesar de a executiva do seu partido ter tomado a direção contrária.

Uma semana depois de iniciada a caravana pelo Nordeste, Dilma junta-se a Lula. A petista deve participar de ato com a militância no Recife, hoje, às 17h. No mesmo dia e horário, o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Direita Pernambuco (DPE) convocaram um protesto contra o ex-presidente.

Durante a recepção de Lula ontem, a militância petista expulsou um grupo de 12 manifestantes anti-Lula que se aproximaram com bandeiras do Brasil e pedindo a prisão do ex-presidente. A polícia precisou escoltar os manifestantes para evitar um confronto com os militantes, gerando tumulto. "Estou aqui por que é um absurdo a gente assistir um réu em campanha política", disse Alfredo Júnior, trabalhador autônomo e um dos manifestantes.

 

 

Valor econômico, v. 17, n. 4327, 25/08/2017. Brasil, p. A5.