Título: Haddad mantém estratégia
Autor: Lyra, Paulo Tarso de ; Decat, Erich
Fonte: Correio Braziliense, 28/02/2012, Política, p. 2/3

O nome do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, manteve ontem sua rotina de pré-campanha para tentar mostrar que não estava preocupado com a decisão de José Serra de entrar na disputa pelo PSDB. No meio da tarde, Haddad se reuniu com militantes na Freguesia do Ó, localizada na periferia, em um debate com representantes de movimentos sociais que atuam nas áreas de moradia e saúde. A estratégia de visitar os bairros mais carentes da capital paulista deve se repetir nas próximas sextas e segundas. Nos demais dias, ele vai se reunir com integrantes do comando de campanha para definir o programa de governo.

Ontem, Haddad comentou o fim das possibilidades de uma aliança com o PSD de Gilberto Kassab. "Fico mais tranquilo de que vou poder representar melhor as ideias em que acredito. Está mais adequado o candidato ao discurso", completou. Além da cúpula do PT, Haddad tem mantido conversas regulares com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, idealizador de sua campanha. E busca parcerias com o PMDB de Gabriel Chalita, o PCdoB de Netinho e outros candidatos de partidos da base aliada, como o PR e o PSB.

Diálogo Alguns integrantes do comando de campanha, no entanto, são reticentes quanto à estratégia de investir agora na desistência de Chalita. "Os eleitores deles dialogam melhor com as classes mais conservadoras do que conosco", disse um dirigente petista. Coordenador do programa de governo de Haddad, o deputado federal Carlos Zarattini tem uma linha clara de raciocínio. "Se não fecharmos as alianças, devemos fazer um amplo acordo com os partidos de oposição à gestão Serra-Kassab", disse ele.

Enquanto os petistas seguiam a rotina da pré-campanha, os tucanos decidiam se as prévias internas serão ou não mantidas no próximo domingo. O presidente do diretório municipal do PSDB, Julio Semeghini, reuniu-se, em separado, com os dois pré-candidatos que ainda não abandonaram a disputa: o secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal, e o deputado federal Ricardo Trípoli. "O partido todo está mobilizado, não há como reverter isso. Não há por que adiar as prévias", garantiu ao Correio o secretário José Aníbal.

Ele e Trípoli participaram de um debate com militantes da Zona Oeste na noite de ontem, sem a presença de Serra. Trípoli espera contar com o apoio de tucanos históricos paulistanos, já que boa parte de sua carreira política foi vivida ao lado do ex-governador Mário Covas. Para ele, as prévias vão ser realizadas independentemente da entrada de Serra. "Quando você entra em uma disputa dessas, você não está preocupado com os seus adversários, você está concentrado em conseguir votos", afirmou Trípoli.

Dilma sai em defesa de aliados A presidente Dilma Rousseff defendeu ontem a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), e o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), vaiados durante o anúncio de investimentos para o metrô da cidade. Os dois foram hostilizados por manifestantes que pediam por moradia. "Por isso, gente, sem equipe e sem parceria, a coisa não anda direito. Mas, quando a gente tem ao lado da gente pessoas da qualidade do governador Cid Gomes e dos prefeitos aqui, eu posso dizer para vocês que o Brasil hoje tem, de fato, uma nova direção", declarou Dilma, que Dilma esteve na capital cearense para anunciar investimento de R$ 1,6 bilhão na expansão do metrô da cidade. A obra custará, ao todo, R$ 3 bilhões.