Título: Escalada das ameaças
Autor: Mascarenhas, Gabriel
Fonte: Correio Braziliense, 28/02/2012, Política, p. 5

Levantamento do CNJ aponta que o número de juízes ameaçados passou de 100 para 150, um aumento de 50%, entre agosto e novembro do ano passado. Entre eles, está Fabíola Muniz Mendes. Ela conta que só conseguiu ser acompanhada por policiais até Itabira, no dia em que diz ter sido vítima de um atentado, após a Associação dos Magistrados de Pernambuco (Amepe) pedir que o TJ autorizasse a cessão dos PMs: "Antes da emboscada, eu já me sentia ameaçada. Pedi escolta ao TJ pela primeira vez depois de a dona da pousada onde eu me hospedava em Itabira ter visto um homem anotando a placa do meu carro. E isso foi logo depois que aceitei a denúncia contra os policiais. Não sei por que o TJ não deu escolta e o motivo de o MP ter arquivado o inquérito, sem ter ouvido o comandante do batalhão dos policiais designados para me acompanhar até Itabira naquele dia".

Procurado para explicar as razões que levaram ao arquivamento do inquérito, o MP de Pernambuco não enviou uma resposta até o fechamento desta edição. A denúncia aceita pela juíza tinha 19 PMs como suspeitos. Eles foram acusados de torturar dois agricultores, em 1998. A matéria, porém, só chegou à mão de Fabíola em julho de 2010. Além de aceitar a denúncia, o que gerou a abertura de processo, a magistrada rejeitou o argumento da defesa de que não houve tortura, mas abuso de autoridade, crime que já teria prescrito. (GM)