O globo, n.30721 , 16/09/2017. PAÍS, p.5

PT, PMDB e PP arrecadaram R$ 3,3 bilhões em propinas

FRANCISCO LEALI

 

 

PGR calculou valores da corrupção atribuída aos três partidos

Quatro quadrilhas que, juntas, teriam recebido R$ 3.317.820.268,28 em propinas. Essa é a soma de tudo o que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, indicou nas quatro denúncias contra 34 políticos enviadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) este mês.

O valor inclui o que o Ministério Público Federal (MPF) diz ser resultado de crimes de corrupção cometidos pelas assim nomeadas organizações criminosas do PT, do PMDB da Câmara, do PMDB do Senado e do PP. O PT, que esteve no comando da Presidência da República de 2003 a 2016, com os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, responde pela maior cifra: R$ 1,485 bilhão.

Em seguida, aparece a chamada quadrilha do PMDB do Senado, com R$ 864,526 milhões. Em terceiro, o grupo comandado pelo atual presidente da República, Michel Temer — integrado pelos ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha; os ex-ministros Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e o exdeputado Rodrigo Rocha Loures —, com propinas na casa dos R$ 587,1 milhões.

CUNHA NA PAPUDA

A quadrilha do PP, partido que participou das gestões do PT e atualmente integra o governo Temer, recebeu propinas no valor de R$ 380,9 milhões. Na denúncia mais recente contra Temer, Janot cita o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), como “membros da organização criminosa” que comandaria o governo. A PGR atribui aos parlamentares as indicações para a presidência da Caixa Econômica (Gilberto Occhi) e os ministérios da Agricultura (Blairo Maggi) e Saúde (Ricardo Barros).

O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB) foi transferido e vai passar uma semana preso no Complexo da Papuda, em Brasília. O pedido da defesa foi aceito pelo juiz Vallisney de Souza, da 10ª Vara Federal do DF. O magistrado afirmou na decisão que a mudança possibilitará a Cunha o “exercício pleno do direito de defesa”.