Título: R$ 59 bi para investimentos
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Fonte: Correio Braziliense, 28/02/2012, Economia, p. 12

Ampliação dos financiamentos do BNDES para novos projetos vai impulsionar o crédito. Petrobras utiliza maior parte dos recursos

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deverá emprestar de R$ 58 bilhões a R$ 59 bilhões neste ano para projetos de infraestrutura, informou ontem o presidente da instituição, Luciano Coutinho. O crédito do BNDES para o setor, informou ele, deve ter alcançado pouco mais de R$ 54 bilhões em 2011. Tanto em 2012 quanto no ano passado, a Petrobras deverá responder pela maior parte desse tipo de financiamento, como responsável pelo principal programa de investimentos entre empresas energia no mundo. "A presidente Dilma tem nos orientado sobre a importância de apoiar o investimento de longo prazo", disse Coutinho.

O executivo explicou que o crédito iniciou uma trajetória de expansão acelerada no país, devendo atingir a marca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas as riquezas produzidas no país) nos próximos 20 anos. Um dos desafios é justamente fazer com que o investimento cresça em ritmo superior ao do consumo, contribuindo para evitar pressões de preços. Segundo o Ministério da Fazenda, os investimentos deverão dar um salto de 11% neste ano, levando a taxa de investimento do país (conhecida como formação bruta de capital fixo, que contabiliza aplicações em máquinas, equipamentos e construção civil) a atingir 20,8% do PIB.

Vulnerabilidade Coutinho considera como ideal esse percentual chegar a 23% ou a 24% até 2014, nível necessário para responder ao "natural avanço da demanda agregada" nos próximos quatro anos. Esse aumento deve vir em razão do fortalecimento da classe média, da contínua expansão do crédito e do aumento de renda da população — que está motivada pelo mercado de trabalho, com boas perspectivas a longo prazo. O presidente do BNDES ressaltou que a perspectiva de forte expansão da oferta mundial de crédito nos próximos dois ou três anos vai exigir um novo posicionamento dos países.

Para conter o processo de valorização do real, que pode ocorrer em função da política monetária mais frouxa dos mercados desenvolvidos, o Brasil terá de reforçar a poupança doméstica e a taxa de investimentos. "Do contrário, de 3% a 4% de investimentos do PIB terão que vir da poupança externa", advertiu Coutinho. Seu receio é que, em momentos de crise, o aumento do deficit de transações correntes torne o país vulnerável. Para ele, o avanço da poupança doméstica contará sobretudo com a participação do setor privado, que deveria responder por 50% a 60% dos investimentos.

Balanço O BNDES divulgou ontem um lucro líquido de R$ 9 bilhões no ano passado, 8,7% a menos que os R$ 9,9 bilhões de 2010. Segundo o banco, a queda teve como principal razão a elevada diferença (R$ 2,1 bilhões) dos valores de recuperação de crédito do ano passado em relação ao anterior. O resultado com a carteira de crédito e repasses, antes dos efeitos de reversão de provisão para risco de crédito, subiu em 2011. O valor passou de R$ 5,8 bilhões em 2010 para R$ 6,1 bilhões em 31 de dezembro último, refletindo crescimento e melhora do perfil dos financiamentos. Nesse balanço, o patrimônio líquido do BNDES atingiu R$ 61 bilhões e os ativos totais do banco somaram R$ 625 bilhões em 31 de dezembro de 2011, com crescimento de 13,8% (R$ 75,8 bilhões) em relação a 31 de dezembro de 2010.