O globo, n.30722 , 17/09/2017. PAÍS, p.4

RAQUEL TROCA PROCURADORES DA FORÇA-TAREFA DA LAVA-JATO NA PGR

VINICIUS SASSINE

17/09/2017

 

 

Nova procuradora-geral comunica integrantes; posse ocorrerá amanhã

A gestão da nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, deu mais um passo no sentido de trocar a composição do grupo de trabalho da Operação Lava-Jato. A equipe de Raquel comunicou ontem a dois procuradores que eles não devem continuar na força-tarefa montada por Rodrigo Janot, cujo mandato à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR) termina hoje. A posse de Raquel será amanhã, às 8h.

O grupo montado por Janot foi formado por dez procuradores da República, que o auxiliaram nos inquéritos da Lava-Jato envolvendo políticos com foro privilegiado. A nova composição do grupo que vai auxiliar a procuradora-geral ainda não está fechada.

Num primeiro momento, sete integrantes do grupo na gestão de Janot haviam manifestado a Raquel a intenção de sair. Depois, numa reunião entre equipes de transição, houve um recuo e alguns deles manifestaram a intenção de ficar, pelo menos durante a transição entre as duas equipes. Raquel e Janot são de grupos opostos na PGR.

Há menos de um mês, Raquel anunciou mudanças na estrutura de Lava-Jato. Será criada uma nova secretaria, de Função Penal Originária no Supremo Tribunal Federal (STF), que vai abarcar o grupo de trabalho da operação. A titular será a procuradora regional Raquel Branquinho, que tem histórico de atuação em casos de corrupção, como o mensalão. O grupo da Lava-Jato será capitaneado por dois procuradores da República experientes em casos como os mensalões petista e mineiro e a Operação Zelotes: Alexandre Espinosa e José Alfredo de Paula.

Em agosto, Raquel convidou os integrantes do grupo de trabalho da Lava-Jato a permanecerem em suas funções. Ela já sinalizava nesse sentido, internamente, quando estava em campanha para a lista tríplice de indicados ao cargo de procurador-geral.

 

TELLES E FERNANDO JÚNIOR

Dos dez procuradores que auxiliaram Janot na Lava-Jato, três já haviam se antecipado com pedidos para sair do grupo. Outros três ainda estariam analisando se continuam, com tendência a não permanecerem na PGR. Quatro manifestaram o desejo de continuar, mas dois deles receberam a sinalização da atual gestão de que não devem permanecer: Rodrigo Telles de Souza, da Procuradoria da República no Rio Grande do Norte, e Fernando de Oliveira Júnior, da Procuradoria no Tocantins.

Na Lava-Jato, Rodrigo Telles atuou em investigações de parlamentares que acabaram denunciados por Janot e Fernando Júnior, por sua vez, teve atuação nas investigações derivadas das delações dos executivos do grupo J&F.

O procurador-geral usou delações e provas produzidas pelos executivos para embasar a denúncia por organização criminosa e obstrução à Justiça contra o presidente Michel Temer, protocolada no STF na quinta-feira. Joesley Batista e Ricardo Saud, da JBS, também foram denunciados após pedido de rescisão do acordo.