Lula diz que o governo está demolindo o país

Alessandra Modzeleski

06/07/2017

 

 

Primeira mulher presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann tomou posse oficialmente no cargo de comando do partido. Ela ficará à frente da legenda até 2019. Participaram do evento de ontem, em Brasília, os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, além de senadores e deputados. Eleitos no mês passado, outros integrantes do Diretório Nacional também assumiram os cargos.

Lula aproveitou o tempo para criticar as reformas, principalmente a trabalhista, que será votada em 11 de junho, no Senado. O petista disse que o governo atual está “demolindo e desmontando” o país. O ex-presidente declarou que “ninguém quer mais o afastamento do Temer” do que o PT e pediu que a esquerda não aceite outro governante que não seja eleito por meio do voto popular. “Certamente o Rodrigo Maia já está se preparando para ser o próximo presidente da República e nós não podemos achar que um golpista é melhor do que o outro. Golpista é golpista”, declarou.

Primeira da linha de frente do PT a discursar, Dilma disse que hoje o partido tem “a maior liderança viva no país”, numa referência a Lula. Alegou que o ex-presidente representa a capacidade que o partido tem de sobreviver. “Quantas vezes deram o atestado de que tínhamos morrido? A boa notícia é que nós resistimos”, discursou. Ela ainda criticou o governo de Michael Temer dizendo que o “golpe” que sofreu está no “terreno do fato”. “O arranjo que organizou esse golpe caminha em passos largos para a ruína”, declarou.

Gleisi Hoffmann afirmou que não vai descansar “um minuto” para “defender com garra” o ex-presidente Lula. Criticou a decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que negou, ontem, dois pedidos de habeas corpus da defesa do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva que pediam a suspensão do processo sobre o triplex em Guarujá.

“Não pensem eles que uma decisão de juiz de primeiro grau vai impedir Lula de concorrer em uma eleição. Vamos dizer em bom tom: uma eleição sem Lula é uma fraude”, disse. Alegou, ainda, que o ex-presidente não é um candidato à presidência do PT, mas sim de “uma grande parcela da população”. Apoiada por Lula, Gleisi, que é ré na Lava-Jato, foi eleita com 61% dos votos. O senador Lindbergh Farias, que fazia oposição à colega, angariou 38% das votos, representando uma outra corrente dentro do PT.

Em discurso, o senador disse que a militância do partido se sente representada pelo nome da colega. E respondeu a críticas de que o PT ficou dividido com as eleições internas. “Para quem queria dividir o PT a nossa resposta é um PT cada vez unido para recuperar a democracia e eleger Lula presidente”, discursou, se referindo às eleições em 2018.

 

 

Correio braziliense, n. 19763, 06/07/2017. Política, p. 5.