Título: Pressão popular
Autor: Gama, Júnia ; Abreu, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 20/02/2012, Política, p. 2/3

A Lei da Ficha Limpa nasceu de uma iniciativa popular a partir do recolhimento de 1,5 milhão de assinaturas. Na opinião do próximo vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Carlos Ayres Britto, ela é importante porque vai "promover uma mudança cultural na vida do país". A campanha pela edição da lei durou de abril de 2008 até setembro de 2009, quando a entidade entregou à Câmara os apoiamentos necessários para apresentação do projeto de lei.

Aprovada no Congresso, a lei transformou-se em uma batalha jurídica. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmou que ela valia para as eleições de 2010, mas o STF não chegou a um consenso. Só em março deste ano, por seis votos a cinco, o Supremo definiu que a Ficha Limpa não poderia ter barrado candidaturas em 2010, uma vez que a lei foi publicada no mesmo ano das eleições.

Com isso, políticos barrados pela Ficha Limpa que tiveram votos suficientes para se elegerem puderam assumir seus cargos durante o ano passado, provocando uma "dança das cadeiras" no Congresso. Jader Barbalho (PMDB-AP), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e o casal João e Janete Capiberibe (PSB-AP) foram alguns dos beneficiados.