Quatro nomes largam na frente para o Senado

Ana Viriato

10/07/2017

 

 

Em cerca de um ano, será dada, oficialmente, a largada para as eleições de 2018, com o início das campanhas. O circuito, contudo, começa a se afunilar desde já, a partir do lançamento das pré-candidaturas. Quando o assunto é Senado Federal, a disputa fica mais acirrada, devido à disponibilidade de só duas vagas. E o brasiliense começou a escolher os favoritos, conforme mostra pesquisa realizada com exclusividade para o Correio. Entre os entrevistados, 6% optaram por revelar, em resposta espontânea, a intenção de voto. As projeções de apoio se dividiram entre dois políticos: o distrital Chico Leite (Rede), com 1,4%, e o senador Cristovam Buarque (PPS), com 1,3%; outros 3,5% disseram que elegeriam candidatos alternativos.

Os resultados fazem parte de levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados, entre 1º e 5 de julho. Os pesquisadores ouviram mil pessoas em 23 regiões administrativas. A margem de erro é de três pontos percentuais, em intervalo de confiança de 95%.

Desde o ano passado, Chico Leite namora uma vaga no Senado. A efetivação da candidatura, porém, depende da Executiva da Rede Sustentabilidade e de acordos nacionais. Em dezembro, a legenda lançou um manifesto em apoio à concorrência dele a cargos majoritários — sem descartar, portanto, o Palácio do Buriti ou a Vice-Governadoria.

Em relação a Cristovam Buarque, a tendência é de que a candidatura seja pela reeleição. Mas o senador não esconde o desejo de concorrer à Presidência da República, como em 2006. À época, ele competiu pelo PDT e ficou na quarta colocação, com 2,6 milhões de votos. O parlamentar deixou a legenda, que era da base do governo Dilma Rousseff, em fevereiro de 2016, alegando discordância com os posicionamentos, e se filiou ao PPS.

Em ambos os cenários de disputa, Cristovam terá de reforçar a campanha e o diálogo. Ele perdeu parte da base eleitoral ao votar pelo impeachment de Dilma. Na visão de petistas, ele contradisse o histórico político, uma vez que foi governador do DF pelo PT e senador pela legenda; além de ocupar o posto de ministro da Educação no mandato de Lula — Cristovam deixou a sigla após ser demitido do Ministério, por telefone.

 

Costuras

Em pergunta estimulada sobre a pretensão de votos, o brasiliense mostrou preferência por Cristovam, com 11% das intenções. Em seguida, aparece Geraldo Magela (PT), com 7,7%. A posição do petista mostra que, apesar da menção de seu nome na Operação Lava-Jato, a base eleitoral da legenda segue firme. Segundo a delação de Paul Elie, ex-executivo da Odebrecht, quando ocupava o posto de Secretário de Habitação, Magela recebeu R$ 1,4 milhão em caixa 2, durante as obras do Jardins Mangueiral. Ele nega.

Na terceira colocação entre os possíveis candidatos ao Senado, está o deputado federal Alberto Fraga (DEM), com 4,7%. O parlamentar participa de negociações pela criação de uma chapa de direita, com Izalci Lucas (PSDB), Jofran Frejat (PR), Tadeu Filippelli (PMDB) e Alírio Neto (PTB). Apesar de dizer, em público, que almeja a chefia do Palácio do Buriti, Fraga articula pelo cargo de senador.

Quarto na lista de intenções de voto, Chico Leite (Rede), angaria o apoio de 4,1% dos entrevistados no questionamento estimulado. Quem aparece em seguida é o presidente da Executiva Regional do PTB, Alírio Neto, com 2,5%. Ex-deputado distrital e ex-presidente da Câmara Legislativa, ele chegou à legenda em 2016 para reforçá-la após a prisão e condenação de Gim Argello na Lava-Jato.

O deputado federal e ex-governador do DF Rogério Rosso (PSD) surge em sexto lugar, com 2,3% das intenções de voto. O presidente da Executiva Regional do PSD não comenta as pretensões políticas para 2018, mas tem o nome cotado, no meio político, para o Senado. Para conquistar o cargo, Rosso terá de se livrar das denúncias da Operação Panatenaico. De acordo com delações de ex-executivos da Andrade Gutierrez, em tratativas relativas ao Estádio Nacional Mané Garrincha, ele pediu, por meio de um emissário, R$ 12 milhões em propina e recebeu R$ 500 mil.

Na sétima colocação, aparece o deputado federal Ronaldo Fonseca (Pros), com 2,2% do apoio dos entrevistados. Presidente da Igreja Assembleia de Deus de Taguatinga, o parlamentar é uma aposta da bancada evangélica para a disputa de cargos majoritários em 2018.

Por último, aparece o distrital Wasny de Roure (PT), com 1,9% do apoio dos entrevistados. O petista está no quinto mandato na Câmara Legislativa e não esconde o desejo de disputar o Senado — uma candidatura oficial só será lançada após acordos internos da legenda, que trabalha com os nomes de Ricardo Berzoini, Erika Kokay e Chico Vigilante para a disputa majoritária. Ademais, a candidatura depende de alianças nacionais.

Na pesquisa, 32,4% afirmaram que votariam nulo; 26,2% disseram não saber quem apoiariam; e 5% não responderam. Somados, os 63,6% revelam o desânimo dos eleitores brasilienses em relação à política, após diversas denúncias de corrupção.

 

 

Correio braziliense, n. 19767, 10/07/2017. Cidades, p. 17.