DF produz café de qualidade elevada

Marlene Gomes

17/07/2017

 

 

É tempo da colheita de café no Brasil. Estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que o país colherá 45,5 milhões de sacas de 60kg, na safra 2017, em 2,23milhões de hectares cultivados.  No Distrito Federal, a área plantada é pequena, 531 hectares, mas a produtividade  faz a diferença. A produção chega a cerca de 942 toneladas por ano, sendo que é possível colher até 50 ou 60 sacas de café por hectare, o dobro de produtividade média nacional, de acordo com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF).

O faturamento bruto do setor cafeeiro no Brasil  deve chegar a R$ 22,2 bilhões neste ano. O país é responsável por 31% da produção mundial de café — é o maior produtor e o maior exportador do mundo. A cafeicultura está presente em 1.800 municípios brasileiros. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor gera 2,2 milhões de empregos diretos e oito milhões de empregos indiretos.

Na capital do país, a cafeicultura ganha cada vez mais espaço e é caracterizada pela alta qualidade dos grãos. O cultivo é feito por irrigação, garantindo a quantidade ideal de água para a produção. “No DF, a altitude de mais de mil metros em áreas de plantio e o clima da região, com períodos definidos de chuva e de seca, além da baixa umidade, favorecem a floração”, explica o técnico da Emater-DF Carlos Morais.

 

Valor

Atualmente, muitos produtores estão investindo na produção do café sombreado, em sistema orgânico, um processo que cultiva a lavoura de café embaixo de árvores frutíferas, como abacateiros e bananeiras. Dessa maneira, os cafezais recebem menos sol e os frutos amadurecem mais lentamente, resultando em grãos maiores e com um sabor mais adocicado. “Esse sistema dá uma qualidade ainda maior ao café e agrega de 30% a 40% a mais de valor ao produto”, diz Morais.

Pioneiro na produção de café no DF, Nazih Jarjour, 75 anos, herdou do pai, o imigrante sírio Aziz Abdala Jarjour, o gosto pelo cultivo de grãos e pela criação de gado. Na fazenda Arábia, uma propriedade de quase dois mil hectares, no núcleo rural de Planaltina, Nazih conta com a ajuda do filho Aziz Jarjour, 44 anos, para a administrar o negócio do café, colhido, torrado, moído e ensacado no local. “Tudo o que é produzido vai para o mercado externo, e a palha que sobra do processamento volta para o cafezal. É o melhor adubo para o café”, explica Nazih.

 

Maquinário

A fazenda, que já teve cerca de 50 empregados somente para a colheita do café, hoje contabiliza cinco pessoas para fazer todo o trabalho. A mecanização chegou com força na Fazenda Arábia, aumentando a eficiência na colheita e reduzindo o custo de produção. O maquinário moderno percorre 700 metros por hora, colhendo frutos com precisão. “O padrão dos grãos produzidos aqui é bom, porque a região é boa, sem chuva e umidade. E seca por igual — dá um padrão melhor de bebida. A produtividade é de 20 a 40 sacas por hectare”, diz o agricultor.

Na fazenda, a colheita mecanizada não diminuiu em nada o trabalho de João Pereira, 56 anos. Encarregado do café, Pereira percorre diariamente a plantação com olhos atentos e mãos ágeis. O homem se orgulha do trabalho, quase cirúrgico, de identificar galhos suspeitos de ocultar doenças, folhas não saudáveis e fungos que podem prejudicar a colheita, além da maturação dos frutos. “Hoje vale muito a prática. Essa é uma atividade que conheço a fundo. Não tenho diploma, mas fui criado nos cafezais”, afirma.

 

Frase

“No DF, a altitude de mais de mil metros e os períodos definidos de chuva e seca favorecem a floração”

Carlos Morais, técnico da Emater-DF

 

Números

Brasil 2016

49 milhões de sacas produzidas

35 milhões de sacas exportadas

As exportações brasileiras foram para 130 países

Principais destinos: Estados Unidos, Alemanha, Itália, Japão e Bélgica

O café representou 6,44% das exportações do agronegócio brasileiro em 2016, ocupando a 5ª posição no ranking com receita de US$ 5,47 bilhões

 

Estimativas da Safra 2017

Área plantada: 2,23 milhões de hectares

45.563,2 mil sacas beneficiadas

Produtividade: entre 23,02 e 25,05 sacas por hectare

 

Principais estados produtores

Minas Gerais

Maior produtor de café do Brasil

977,44 mil hectares de área plantada

Entre 25,4 e 26,81 milhões de sacas

Produtividade média de 25,98 e 27,43 de sacas por hectare

 

Espírito Santo

385,54 mil hectares de área plantada

Entre 7,34 e 8,43 milhões de sacas

Produtividade média de 19,05 a 21,86 de sacas por hectare

 

São Paulo

216 mil hectares de área plantada

Entre 4,05 e 5 milhões de sacas

Produtividade média de 20,0 a 24,70 sacas por hectare

 

Outros estados produtores

Bahia, Rondônia, Paraná, Rio de Janeiro, Goiás, Mato Grosso, Amazonas

 

DF

500 hectares de área plantada

Produtividade média de 25 a 40 sacas por hectare

Produção de 14 mil toneladas no ano passado

 

Fontes: Secex/Conab/Emater

 

 

 

Correio braziliense, n. 19774, 17/07/2017. Economia, p. 7.