O globo, n.30732 , 27/09/2017. PAÍS, p.8

Sete processos com base em delações ganham novos relatores

ANDRÉ DE SOUZA

 

 

Como não têm relação com Petrobras, foco da Lava-Jato, ações deixam as mãos de Fachin

Sete processos em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) com origem nas delações de executivos da Odebrecht e da JBS ganharam novos relatores ontem. Eles estavam com o ministro Edson Fachin, que toca os processos da Operação Lava-Jato na Corte. Mas como não tratavam de irregularidades na Petrobras, foco da Lava-Jato, eles foram encaminhados para outros ministros. Há ainda um oitavo processo que não está mais com Fachin, mas ainda sem relator definido.

O ministro Alexandre de Moraes é o novo relator do inquérito que investiga o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho (PMDB-PA), e o senador Paulo Rocha (PT-PA). Eles são suspeitos de terem recebido doações via caixa dois na campanha de 2014 em troca de ajudar a Odebrecht no Pará.

 

PROCESSOS SOBRE MINISTROS

Luís Roberto Barroso vai relatar inquérito que investiga se o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) recorreu ao caixa dois da empreiteira na campanha de 2010. Pelo mesmo motivo, há um inquérito aberto contra o deputado Celso Russomanno (PRB-SP), mas ainda sem relator sorteado.

A delação da Odebrecht já levou à abertura de 80 inquéritos, dos quais apenas 15 continuam com Fachin. Já a delação da JBS resultou, até agora, na abertura de oito inquéritos e outros nove casos que estão num estágio mais inicial de investigação. Desses nove casos, cinco ganharam novos relatores ontem. Caberá a eles decidir se eventualmente devem ser abertos novos inquéritos.

Dois dos processos envolvem ministros do governo Michel Temer. Um deles diz respeito ao ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, e está agora com Alexandre de Moraes. Outro trata do ministro da Indústria e Comércio, Marcos Pereira, que passa a ser relatado por Celso de Mello.

Há também um caso do deputado João Carlos Bacelar (PR-BA), com Luís Roberto Barroso, e outro da senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), com Celso de Mello. Todos os políticos são suspeitos de receber recursos da JBS. Por fim, há um caso tratando de pagamentos de propina feito por doleiros, encaminhado para o ministro Luiz Fux.