Correio braziliense, n. 19786, 29/07/2017. Economia, p. 7

 

Desemprego tem a 1ª queda desde 2014

Vera Batista 

29/07/2017

 

 

Taxa de desocupação recuou para 13% no segundo trimestre ,más alívio ocorreu devido ao aumento do trabalho informal

A taxa de desemprego caiu para 13% no segundo trimestre do ano, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos primeiros três meses do ano, o percentual estava em 13,7%. Foi o primeiro recuo no indicador desde 2014. A queda é uma boa notícia, mas vem acompanhada de outra menos agradável: o número de pessoas com carteira assinada ainda é baixo, e a melhora ocorreu devido ao aumento do emprego informal.
Do total de trabalhadores ocupados, 37,9% estavam no mercado formal no segundo trimestre de 2016. O percentual caiu, agora, para 36,9%, o que significou 1,093 milhão de empregados formais a menos. “De 2014 para cá, já são quase 2 milhões. A queda forte na formalidade aponta que cresceu a quantidade, mas diminuiu a qualidade da ocupação”, explicou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Já os trabalhadores informais eram 10,6 milhões em junho, 442 mil a mais do que no trimestre anterior — um crescimento de 4,3%. No confronto com o mesmo período de 2016, a alta foi de 5,4%, ou mais 540 mil empregados informais.Na indústria, por exemplo, citou Azeredo, aumentaram as oportunidades para motoristas de transporte de passageiros. A pesquisa não deixa claro, mas é possível que o avanço tenha sido por conta dos aplicativos. “Talvez, a saída encontrada por muitos para se manter”, assinalou.
Por outro lado, a renda do trabalhador continuou estável: era, em média, de R$ 2.043 em junho de 2016, passou para R$ 2.125 entre janeiro e março deste ano, e depois, no período de abril a junho, ficou em R$ 2.104. É um sinal de que as pessoas, sem o poder de escolha, aceitam vagas com vencimentos mais baixos”, disse.
Por grupo de atividade, os resultados positivos ocorreram nos setores de indústria geral (3,3%), transporte, armazenagem e correio (2,9%), administração pública (3,2%) e outros serviços (5,6%).  Ficaram no vermelho agricultura e pecuária (-8,1%) e construção (-9,2%).
“Enquanto os investimentos e a credibilidade do investidor e do consumidor não voltarem, os resultados do setor não serão diferentes”, destacou José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Construção Civil (Cbic). Ele prevê recuperação a partir de outubro. “Com a queda dos juros, há sinais de que 2018 será melhor. Mas ainda teremos pelo menos dois meses (agosto e setembro) difíceis”, destacou.