O Estado de São Paulo, n. 45223, 12/08/2017. Economia, p.B4

 

 

País vai retomar grau de investimento, diz Temer

A empresários do agronegócio em Mato Grosso, o presidente afirmou que o risco Brasil “caiu sensivelmente” e que está sendo “ousado” com reformas

Por: Rafael Moraes Moura

 

Rafael Moraes Moura

O presidente Michel Temer afirmou ontem que o Brasil “logo, logo” vai recuperar o grau de investimento. Quando atinge esse patamar na classificação das agências internacionais o país é considerado mais seguro para os investidores e consegue tomar empréstimos com mais facilidade. Em um afago ao agronegócio, Temer participou da colheita de algodão e inaugurou a primeira usina de etanol que utiliza milho em 100% de sua produção em Mato Grosso. Foi a primeira visita ao Estado desde que assumiu a Presidência.

“Vou fazer um pouco de propaganda do governo, aqui pode, não é? Mas vocês sabem que eu vejo que o risco Brasil que estava em mais de 470 pontos negativos, quando assumi o governo, hoje está em 195 pontos. Portanto, caiu sensivelmente. Logo, logo nós vamos reassumir o grau de investimento que nós perdemos no passado”, disse o presidente, diante de uma plateia de empresários do agronegócio e lideranças políticas.

Em fevereiro de 2016, a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a nota do Brasil em dois graus – Fitch e Standard & Poor’s já haviam reduzido a nota brasileira em 2015.

Dados da consultoria Markit mostram que o Risco Brasil medido pelo indicador CDS está em torno de 205 pontos-base. O CDS é um contrato financeiro que funciona como um seguro contra calote, já que permite ao investidor receber o dinheiro mesmo em caso de inadimplência do emissor do papel.

Temer enalteceu o recuo da inflação e a queda dos juros básicos. Ao falar das reformas que o seu governo tem implantado “para recolocar o País nos trilhos”, disse que está sendo mais que corajoso. “Eu estou sendo ousado porque são matérias que ficaram durante anos paralisadas e nós fomos dando solução. Eu, naturalmente, falo da modernização da legislação trabalhista, que é algo que garante o direito dos empregados e o combate ao desemprego.”

Protesto. Antes da chegada de Temer a Lucas do Rio Verde, caminhoneiros protestaram na BR-163 contra o aumento da alíquota de PIS/Cofins sobre combustíveis e os escândalos de corrupção que atingem o Planalto. O congestionamento chegou a 4 km. A manifestação, no entanto, não atingiu Temer, que se deslocou de helicóptero na região.

 

- Rebaixamento.

Em fevereiro de 2016, a Moody’s rebaixou a nota do Brasil em dois graus. As agências Fitch e Standard & Poor’s tinham reduzido a nota em 2015

 

 

 

 

Maia diz que fica ‘desconfortável’ com ampliação da meta

 

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a criticar o aumento da meta fiscal pelo governo e a defender a reforma da Previdência como forma de não impingir “soluções amargas” à sociedade, e de impedir que a União “vire o Rio de Janeiro ou Portugal”, referindo-se à possibilidade de calamidade financeira. “A reforma da Previdência hoje gera pedágio a todos, com a idade mínima. Não queremos soluções amargas, que aparecem com o tempo, como a mudança da meta. Eu fico desconfortável com o aumento da meta, não é justo com a sociedade.”

Maia já havia dado declarações nesse sentido, alegando que União, Estados e municípios devem “viver dentro de seu orçamento”. O governo cogita rever a meta deste ano, de R$ 139 bilhões, e talvez a do ano que vem, por conta da demora na retomada no crescimento da economia e da baixa arrecadação.

 

 

 

 

Eletrobrás quer poupar R$ 1,5 bi com pessoal

Por: Daniela Amorim

 

Daniela Amorim /RIO

A Eletrobrás espera economizar R$ 1,5 bilhão por ano, 30% da folha de pessoal da companhia, com o enxugamento de seu corpo de funcionários. A empresa planeja cortar 4,5 mil postos de trabalho ainda em 2017, entre aposentadorias especiais e incentivos à demissão voluntária.

O Programa de Incentivo ao Desligamento (PID) ocorrerá entre outubro e novembro, segundo o presidente da companhia, Wilson Ferreira Junior. A meta é atingir 50% dos 4.832 empregados elegíveis, uma economia anual de R$ 600 milhões. Já o Programa de Aposentadoria Extraordinária (PAE) tinha como objetivo alcançar 2.437 pessoas, mas teve adesão de 86% do previsto, 2.097.

“O objetivo não era tirar pelo número de pessoas, era tirar pelo custo”, disse Ferreira. “Quem aderiu mais? Os salários mais altos. A economia anual seria de R$ 920 milhões por ano, mas ficou em R$ 874,8 milhões, 95% da meta anual”, completou.

Apenas uma das empresas subsidiárias da Eletrobrás ainda não aderiu ao PAE. É a Amazonas GT, que tem 130 funcionários elegíveis. Segundo Ferreira, se todos aderissem ao programa de aposentadoria, a empresa cumpriria a meta de R$ 920 milhões economizados anualmente. Como a expectativa de adesão é de 50%, a economia com a Amazonas GT seria de R$ 20 milhões, elevando o total economizado pela empresa a cerca de R$ 900 milhões.

A discussão nacional sobre a Reforma da Previdência ajudou a aumentar as adesões e a reduzir o custo do programa de aposentadoria extraordinária, segundo Ferreira. O retorno do investimento estava inicialmente estimado em 1,72 ano, mas acabou ficando em 0,93 ano. “O plano pegou um período de grande discussão de aposentadoria. As pessoas têm interesse de garantir direitos e garantiram”, contou ele.

Privatizações. A estatal espera melhorar o caixa também com as privatizações. A modelagem de venda de distribuidoras deve sair em setembro, e 79 Sociedades de Propósito Específico (SPEs) serão vendidas este ano. A companhia tem atualmente 178 SPEs: 137 em geração, 38 em transmissão e 3 em serviços. “Vamos ter processos que nos permitam vender este ano, não posso obrigar as pessoas a comprar. A meta é chegar no começo de 2018 em 48 SPEs. No final do 1.º trimestre isso já vai estar resolvido”, previu o executivo.

A Eletrobrás calcula que as 79 SPEs que serão vendidas somam cerca de R$ 5 bilhões, mas em valores contábeis, por isso podem render mais ao caixa da empresa. “Podemos ter valor maior porque alguns ativos atraem muito interesse.”

 

- Aposentadoria

“O objetivo não era tirar pelo número de pessoas, era tirar pelo custo.”

Wilson Ferreira Junior

PRESIDENTE DA ELETROBRÁS