Título: Oposição faz apelo por civis
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Fonte: Correio Braziliense, 21/02/2012, Mundo, p. 13
A oposição síria e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) lançaram ontem apelos para que o regime de Damasco suspenda ao menos temporariamente o assalto a Homs, considerada a "capital da revolução", para permitir a remoção dos civis mais vulneráveis e a entrega de mantimentos para a população. "Pedimos que nos permitam retirar as mulheres e as crianças de Baba Amr", afirmou o dirigente opositor Hadi Abdullah, da Comissão Geral da Revolução Síria. Ele mencionou o bairro mais castigado pelos bombardeios das forças governistas, que continuavam pelo 16º dia. As tropas leais ao presidente Bashar Al-Assad não apenas enviaram reforços a Homs, como também se colocaram em alerta na capital, onde nos últimos dias se realizaram protestos — pela primeira vez em 10 meses de rebelião.
"Os habitantes (de Homs) vivem no frio e em condições insuportáveis, esperam a morte", descreveu Abdullah. No domingo, ele mesmo tinha denunciado a chegada dos reforços e alertado para o risco de uma ofensiva do exército para esmagar a revolta na cidade. "Desde o início do cerco há a possibilidade de um ataque, mas não se sabe quando ele ocorrerá", acrescentou o dirigente oposicionista. Apenas em incidentes registrados ontem, ao menos 15 pessoas foram mortas, a maior parte em Homs, segundo ativistas dos direitos humanos e adversários do regime.
A Cruz Vermelha negocia com as autoridades a declaração de algum tipo de trégua para permitir que equipes suas e do Crescente Vermelho sírio possam prestar assistência humanitária à população de Homs. Um porta-voz do CICV, Bijan Farnudi, confirmou que a organização "estuda várias possibilidades" para organizar o transporte, tendo como opção prioritária uma "suspensão das hostilidades nas áras mais afetadas". O conteúdo das conversações com o governo, no entanto, foi classificado pelo porta-voz como "confidencial".
Na capital, que nos últimos dias foi palco de manifestações sem precedentes, jovens hastearam ontem a bandeira síria anterior ao regime do clã Al-Assad na ponte Al-Jawzeh, na entrada sul de Damasco, segundo um vídeo divulgado por militantes. Os serviços de segurança permaneciam em estado de alerta. "Depois da surpresa, o regime revisa seus cálculos", comentou o dirigente oposicionista Abdel Rahman. "Eles não permitirão que a capital se rebele." No sábado, as forças de segurança chegaram a abrir fogo contra 15 mil a 20 mil participantes nos funerais de quatro manifestantes mortos na véspera no bairro de Mazé — os primeiros mortos no centro da capital. Localizado a apenas 1km do palácio presidencial, o bairro abriga vários edifícios do governo e de órgãos de segurança, além de embaixadas. Com o reforço de policiamento, os protestos não se repetiram no domingo.
Pedimos que nos permitam retirar as mulheres e as crianças"
Hadi Abdullah, dirigente da Comissão Geral da Revolução Síria
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