Moro manda transferir Bendine

Renato Souza

05/08/2017

 

 

Preocupada com a comunicação que pode ser estabelecida entre os presos da Lava-Jato, a Polícia Federal solicitou ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, a transferência do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, Aldemir Bendine, da carceragem da corporação para o Complexo Médico Penal de Pinhais. O pedido foi atendido pelo magistrado e a transição deve ocorrer na segunda-feira. As celas da unidade policial são preparadas para internações provisórias e não possuem estrutura para uma grande quantidade de detentos. Bendine está detido no mesmo local que o empresário Marcelo Odebrecht. A mudança no local de reclusão de Bendine foi solicitada pelo delegado Igor Romário de Paula. O investigador alegou a necessidade de preservar a segurança da investigação para solicitar a transferência. “Na mesma estrutura de carceragem, estão custodiados vários presos da Operação Lava-Jato que, por razões de segurança ou por serem réus colaboradores, foram mantidos nesta unidade, entre eles um delator que contribuiu efetivamente para as investigações desta última fase”, justificou no ofício apresentado à Justiça Federal do Paraná. A medida também distancia Bendine dos publicitários André Gustavo Vieira e Antônio Carlos Vieira, apontados pelo Ministério Público como operadores do esquema criminoso no qual ele está envolvido. André e Antônio continuam na carceragem da PF. Bendine foi preso na 42ª fase da Operação Lava-Jato, que foi batizada de Operação Cobra em referência ao apelido do ex-gestor nas planilhas da Odebrecht.

De acordo com o Ministério Público, ele solicitou pagamentos ilegais a Marcelo Odebrecht que somaram R$ 17 milhões na época que era presidente do banco público. No entanto, Odebrecht decidiu não repassar o dinheiro por duvidar da influência de Bendine na área de financiamentos da instituição. Após ingressar na Petrobras, de acordo com a denúncia, ele continuou solicitando propinas, que desta vez foram repassadas por meio da Arcos Comunicação, empresa de André Gustavo. Os repasses foram de R$ 3 milhões, que, de acordo com a Justiça, foram mascarados em contratos de publicidade com a empresa do publicitário. A defesa nega o recebimento de propina e alega que “a prisão é injustificada, pois Bendine está colaborando com as investigações”. O Complexo Médico Penal de Pinhais tem 104 cubículos e 18 celas de segurança máxima. Os políticos enviados ao local ficam em cárceres de 12 metros quadrados, com duas ou quatro camas de concreto em cada cubículo. As necessidades básicas dos presos são realizadas dentro da própria cela, por meio de um vaso turco. No local estão presos André Vargas, ex-deputado federal pelo PT, e Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados.

 

 

Correio braziliense, n. 19793, 05/08/2017. Política, p. 3.