O Estado de São Paulo, n. 45234, 22/08/2017. Política, p.A10

 

 

ENTREVISTA - Roberto Jefferson

Condenado no mensalão e perdoado pelo STF, Jefferson troca o Rio por SP para tentar vaga na Câmara e apoiar Alckmin

Por: Pedro Venceslau

 

‘Só tenho visto factoides de Doria’, diz ex-deputado federal

Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB e condenado no mensalão

 

Dois anos depois de deixar a prisão em virtude do perdão concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a condenados na Ação Penal 470, mais conhecida como mensalão, o ex-deputado Roberto Jefferson, de 64 anos, presidente nacional do PTB, está de mudança de Petrópolis (RJ) para São Paulo, por onde pretende disputar uma vaga de deputado federal com apoio do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Em entrevista ao Estado, ele criticou o prefeito João Doria (PSDB) por sua movimentação nacional e garantiu que o PTB vai apoiar a candidatura presidencial de Alckmin. Leia os principais trechos:

 

Como avalia essa movimentação nacional de João Doria?

Ainda não vi governo dele. Por enquanto só tenho visto factoides. Ninguém pode começar atropelando. Liderança não se atropela. Tem que construir a liderança. Atropelar gera ressentimento e divide dentro de casa. Isso é um desastre. Doria é novo. Pode esperar o momento dele.

 

Se ele disputar o governo de São Paulo não seria atropelo?

Se ele disputar o governo, monta o palanque do Alckmin em São Paulo. Mas ele vai sair contra o Geraldo para presidente? Vai dividir dentro da base? Como velho político, Doria não me convence. Tem muita gente indo com ele na onda do oba-oba, do salve-se quem puder. Todo mundo com medo de ser reprovado pelo povo.

 

O PTB deve estar com quem na disputa presidencial de 2018?

Temos uma fortíssima tendência interna de acompanhar o Geraldo na eleição.

 

Se o PSDB fechar a porta para ele em 2018, o PTB abriria outra?

Seria o melhor dos mundos, mas não quero tensionar o PSDB e o PSB. Abriríamos todas as portas para ele.

 

O sr. pretende ser candidato a deputado federal por São Paulo. Por que deixou o Rio?

Pela identidade ideológica. São Paulo tem muita identidade com meu discurso. Sou um homem de centro com posições muito liberais, às vezes até conservadora.

 

Como acha que o eleitorado de São Paulo vai lidar com o fato de o sr. ter sido condenado e preso por causa do mensalão?

Quem se identifica comigo entende a minha luta e conhece a importância do meu trabalho.

 

Que lição ficou da prisão?

Deus só da carga para quem pode carregar. Deus tem propósito para os homens. Passei por isso e não me arrependo do que fiz. A prisão foi um tempo de reflexão.

 

Seu mandato de deputado foi cassado por ter supostamente recebido R$ 4,5 milhões do esquema criado pelo Marcos Valério. O que foi feito do dinheiro?

Esse dinheiro foi usado em candidaturas do partido. O sr. não ficou com nada? Nada.

 

Como está sua vida financeira?

Normal. Tenho uma vida bem estável, graças a Deus. Tenho aposentadoria e recebo proventos como presidente do PTB./ P.V.