O Estado de São Paulo, n. 52235, 23/08/2017. Política, p.A5

 

 

 

PF cita propina de R$ 2 mi para presidente do DEM

Relatório vê envolvimento de Agripino Maia e da OAS em irregularidades no financiamento do BNDES para obras de estádio em Natal; senador nega

Por: Julia Affonso / Fausto Macedo

 

Julia Affonso

Fausto Macedo

 

Relatório da Polícia Federal atribui propina de R$ 2 milhões da OAS ao senador José Agripino (DEM-RN). A PF vê envolvimento do parlamentar e do empreiteiro José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, em irregularidades no financiamento do BNDES destinado a obras na Arena das Dunas, estádio em Natal, para a Copa de 2014.

“Diante dos suficientes indícios de materialidade e autoria, foram então imputadas as condutas de corrupção passiva qualificada e lavagem de dinheiro ao senador José Agripino Maia; lavagem de dinheiro a Raimundo Alves Maia Júnior; corrupção ativa a José Adelmário Pinheiro Filho; além de crime de prevaricação a Carlos Thompson Costa Fernandes – conselheiro do TCE/RN à época dos fatos”, informou a PF, que concluiu anteontem inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) instaurado para apurar eventual participação de recebimento de vantagens indevidas por parte do senador, que é presidente nacional do DEM.

Segundo a PF, a investigação apurou a participação de Agripino “na solicitação e no recebimento de vantagens indevidas da empresa OAS em troca de seu auxílio político na liberação de recursos de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) direcionados à construção da Arena das Dunas, em Natal, no ano de 2013”.

De acordo com a investigação, o recebimento das vantagens ilícitas ocorreu tanto por meio de doações eleitorais oficiais como por meio de repasses em espécie, que transitaram por contas do senador e de parentes, entre 2012 e 2014, totalizando a quantia de pelo menos R$ 2 milhões.

A PF afirmou que a investigação baseou-se na análise de mensagens de texto do celular de Léo Pinheiro, bem como nas informações colhidas na delação premiada do doleiro Alberto Youssef e de Rafael Angulo Lopez, funcionário de Youssef.

 

Defesa. Em nota, Agripino negou irregularidades. “A acusação que me fazem é de ter exercido influência para que o BNDES efetuasse o pagamento de faturas decorrentes de um autofinanciamento contratado pela própria OAS junto ao banco. Tenho certeza de que as investigações vão terminar pela conclusão óbvia: que força teria eu, líder de oposição na época, para liberar dinheiro do BNDES, cidadela impenetrável do PT?” As defesas de Léo Pinheiro e dos outros citados não foram localizadas.

 

 

 

 

 

Procuradoria acusa Bendine de corrupção

Por: Ricardo Brandt / Luiz Vassallo / Fausto Macedo / Julia Affonso

 

O Ministério Público Federal denunciou ontem o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobrás Aldemir Bendine por corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, embaraço à investigação e organização criminosa. Pela primeira vez, um ex-presidente da Petrobrás é acusado formalmente na Operação Lava Jato.

Bendine é acusado de receber R$ 3 milhões em propina da Odebrecht. Em troca, teria agido em defesa dos interesses da empreiteira. Ele foi preso no dia 27 de julho durante a 42.ª fase da Lava Jato, batizada de Operação Cobra. Além dele, foram acusados o ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht e o ex-executivo da Odebrecht Ambiental Fernando Reis, os operadores André Gustavo e Antonio Carlos Vieira da Silva e o doleiro Álvaro Novis.

 

Defesas. Em nota, a defesa de Bendine afirmou que a atuação dele “se pautou pela legalidade” e que “não houve benefício à Odebrecht ou a qualquer outra empresa no período em que presidiu as entidades”.

Novis, por meio do Escritório Mestieri Advogados, afirmou que não é doleiro e que não “disponibilizava os reais para a Odebrecht, mas apenas atuava na estrutura de entrega dos reais”. As defesas dos outros acusados não foram localizadas. / RICARDO BRANDT, LUIZ VASSALLO, F.M. e J.A.

 

Alvo. Ex-presidente da Petrobrás é denunciado